Thaïs - Ópera de Massenet

Thaïs é uma ópera (ópera-comique) em três atos de Jules Massenet com libreto de Louis Gallet e baseado no romance homonimo de Anatole France. Foi apresentada pela primeira vez na Ópera Garnier (Paris) em 16 de Março de 1894, estrelando com a soprano americana Sybil Sanderson

A história se passa no Egito durante a ocupação grega quando um monge Cenobita, Athanaël, se propõe a converter Thaïs, uma cortesã de Alexandria e devota de Vênus, ao Cristinanismo mas descobre, tarde demais que sua obsessão se fundamenta em um profundo desejo por Thaïs que revela afinal uma compreensão mais fundamentada do processo de conversão.

É uma ópera que aborda o tema da conversão de vida, da amizade, do amor e do erotismo. O trecho conhecido como Méditation religieuse ou Thaïs Meditation consiste de um solo de violino e acompanhamento de cordas que se apresenta no segundo ato entre cenas quando Thaïs medita antes de tomar uma decisão e é uma das partes mais executadas com arranjos já feitos para vários instrumentos.



Depois de Manon e Werther, esta é uma das óperas de Massenet
mais executadas integral ou parcialmente embora não seja comum já que a peça foi criada por Massenet considerando especificamente Sybil Sanderson no papel de Thaïs. Assim, a interpretação da protagonista é difícil e a execução da ópera rara.

Papeis Principais
Thaïs ............... Cortesã e sacerdotisa de Vênus
Athanaël ......... Monge Cenobita
Nicias .............. Nobre sibarita
Crobyle ........... Serva de Nicias
Myrtale ........... Serva de Nicias
Palémon .......... Líder dos Cenobitas
Albine ............. Abadessa
Sinopse

Ato 1
Primeira Cena

Um grupo de monges Cenobitas trabalhando.

Athanaël, dentre eles o mais rigoroso asceta, entra e confessa ao monge superior, Palémon, que esta perturbado com visões de uma cortesã e sacerdotisa de Vênus chamada Thaïs que ele vira muitos anos atrás quando esteve em Alexandria.

Acreditando que estas visões eram um sinal de Deus, ele resolve, contra o conselho de Palémon, retornar para Alexandria, converter Thaïs ao Cristianismo e persuadi-la a entrar para um convento.

Segunda Cena

Athanaël chega a Alexandria e visita seu velho amigo Nicias, rico, indolente e voluptuoso. Nicias o recebe de braços abertos e revela que é o atual amante de Thaïs. Depois de ouvir o plano de Athanaël, ele dá uma gargalhada e o adverte que a raiva de Vênus pode ser terrível.

Apesar disto, ele procura disfarçar seu amigo preparando-o para a festa em que Thaïs estará presente dali a pouco. Suas escravas, Crobyle e Myrtale, vestem Athanaël zombando de seus planos e de sua virtude.

A festa começa. Thaïs chega e canta uma canção em dueto com Nicias: esta é a última noite que estarão juntos. Ela então lhe pergunta sobre Athanaël, este ouve e lhe responde que veio ensina-la o desprezo da carne e o amor ao sofrimento.

Sem ser tocada por suas palavras, ela molesta seu juizo com uma canção sedutora. Ele então se retira raivoso prometendo voltar mais tarde. Na saída, ela ainda lhe lança um desafio: "Ouse voltar, vós que desafias Vênus!"

Ato 2
Primeira Cena

Exausta depois da festa, Thaïs expressa insatisfação com sua vida vazia e reflete sobre o fato de que um dia a velhice acabará com sua beleza.

Athanaël entra neste momento em que ela está vulnerável, e ele orando à Deus para ocultar dele a beleza de Thaïs. Ele então lhe diz que a ama pelo espírito e não pela carne e que seu amor será para sempre e não somente por uma noite.

Intrigada, ela pede que lhe ensine os caminhos deste amor. Ele quase sucumbe a seus encantos mas consegue explicar que se ela se converter terá a vida eterna. Envolvida pela sua retórica Thaïs quase cede mas no final reafirma sua visão niilista da vida e o põe para fora.

Entretanto, depois de meditar com calma ela muda de idéia.

Segunda Cena

Thaïs se junta a Athanaël resolvida a seguir com ele pelo deserto. Ele lhe instrui então que se livre de sua casa e posses para destruir todos os vínculos com seu passado pagão.

Ela concorda mas pede para manter uma estátua de Eros, o deus do amor e lhe explica que pecou contra o amor e não através do amor. Quando no entanto, Athanaël descobre que a estátua foi presente de Nicias pede que a destrua também.

Nicias aparece então com um grupo de foliões que encontram Athanaël levando Thaïs. Furiosos eles lançam pedras. Embora surpreso, Nicias respeita a decisão de Thaïs e joga várias moedas para a multidão. Thaïs e Athanaël fogem.

Ato 3
Primeira Cena

Thaïs e Athanaël viajam a pé através do deserto. Thaïs está exausta mas Athanaël a força a continuar como penitência pelos seus pecados.

Eles chegam a um oásis onde Athanaël sente pena dela ao invés de repugnância e compartilham momentos idílicos de um companheirismo platonico enquanto descansam.

Logo depois chegam ao convento onde Thaïs ficará. Deixando-a aos cuidados da abadessa Albine ele se dá conta de que cumpriu sua missão e que nunca mais a verá novamente.


Segunda Cena

Os monges Cenobitas expressam sua aflição com o comportamento melancólico e anti-social de Athanaël desde seu retorno de Alexandria.

Athanaël entra e confessa á Palémon que começou a experimentar um desejo sexual por Thaïs. Palémon o castiga entre outros motivos por tentar converte-la contra sua recomendação.

Athanaël abatido cai em sono e tem uma visão erótica de Thaïs. Ele tenta agarra-la mas ela lhe escapa entre gargalhadas. Uma segunda visão lhe mostra que Thaïs está morrendo.


Terceira Cena

Sentindo que a existência não vale mais nada sem Thaïs, Athanaël repudia seus votos e corre ao seu encontro.

Ele chega ao convento e a encontra no jardim do convento aos pés de uma figueira. Ele lhe fala então que tudo que ele lhe ensinara era mentira e que nada era verdade além da vida e do amor entre os seres humanos e que ele a ama.

Distante e repleta de alegria, ela descreve o céu se abrindo e os anjos vindo a seu encontro.

Thaïs morre em bem-aventurança e Athanaël cai em desespero.


Referências
Wikipédia (Inglês): Thaïs (Opera)
Libreto de Louis Gallet (em francês)
Romance de Anatole France (em inglês)
Trecho da ópera (2o Ato 2, "Oh, mon miroir fidéle") interpretado por Renée Fleming e Orquestra Simfònica del Gran Teatre del Liceu de Barcelona,regência de Andrew Davis:

Footprints

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Para os gregos, o futuro chegava-lhes pelas costas e o passado se afastava diante de seus olhos.


Quando se pensa no assunto, essa metáfora é mais precisa que a que usamos atualmente. Quem será efetivamente capaz de olhar para o futuro? Tudo o que podemos fazer é elaborar projeções a partir do que aconteceu no passado, mesmo que o próprio passado nos mostre que essas projeções nem sempre estão certas. E quem será realmente capaz de esquecer o passado? O que mais existe que possa ser conhecido?

Robert Pirsig
Zen e a Arte da Manutenção de Motocicletas

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Ancient Greek... saw the future as something that came upon them from behind their backs with the past receding away before their eyes.

When you think about it, that's a more accurate metaphor than our present one. Who really can face the future? All you can do is project from the past, even when the past shows that such projections are often wrong. And who really can forget the past? What else is there to know?

Robert Pirsig
Zen and the Art of Motorcycle Maintenance