Boas Festas e um Feliz Ano Novo

Eu tinha sonhos de criança, tive sonhos de jovem e tenho sonhos de adulto.

Algumas vezes os sonhos se transformam em objetivos...

Objetivos se desdobram em planos, etapas etc.

Tudo isto eu manipulava na cabeça e algumas vezes nas conversas, nos papeis, nos computadores... Coloquei tudo isto em vários lugares mas na verdade era e é tudo coisa que não existe.

Bom repetir...  

objetivos e planos são coisas que não existem.

Olhava então para os planos e objetivos e a vida real. Minha vida real, a casa, o carro, o trabalho, o lazer, os parentes, os amigos, os sentimentos, os desejos etc.

Percebia então várias ausências na minha vida.

Mais imagino também o que deve ser corrigido na minha vida, na vida dos outros, na cidade, nas sociedades e no mundo.

O pior é que

quando fico olhando para o que não há...
   

                               Deixo de ver o que há!

Sempre esqueço que não sei o que me aguarda na esquina...

Hoje estou bem de saúde, amanhã posso estar bem ou posso estar muito doente ou morto.

Agora tenho pessoas ao alcance de um toque ou de uma palavra de carinho mas bastam algumas horas e esta pessoa pode não estar mais ao alcance assim.

Hoje os negócios ou o emprego me incomodam mas pode ser que Segunda eu receba um convite para um novo emprego muito melhor, pode não acontecer nada.. Ou pode ser que eu perca meu negócio ou meu emprego!

Tenho certeza de que cada vez mais, pelo resto de minha vida, deveria curtir o que há de bom sem fugir do ruim. É quase como que um precisasse do outro: ruim e bom.

Como se um não se revelasse em plenitude sem o outro.

Um desejo para você que me lê... Vários desejos!

Possamos buscar e trabalhar para melhorar nosso ser, nossas vidas e o mundo em que vivemos, procurar diminuir as dores e os sofrimentos mas...

Possamos fazer isto sem endurecer o coração e sem transformar sonhos e desejos em objetivos e planos para executarmos cegos a qualquer custo.

Possamos ver e falar mais com as pessoas ao nosso alcance e curtir mais estes momentos porque nem sempre estaremos juntos neste mundo - e isto é certo e inevitável.

Possamos curtir nossa saúde sem descuidar da doença, curtir nossas alegrias sem fugir das tristezas, curtir a paz sem vivermos alienados das guerras, das violências e das dores.

Possamos sonhar porque os sonhos antes de se transformarem em desejos e objetivos já existem conosco e muitas vezes são as únicas experiências com que podemos contar para nos salvar da loucura e do desespero.

Sonhe mas viva neste mundo com a gente e as coisas que estão na tua vida e o que vier.

Possamos ser cada vez mais humanos e vivermos em plenitude sem nos tornarmos


         unidades de produção,
                 unidades de consumo,
                         unidades de prazer,
                                     unidades de guerra
                                                             et cetera




Possamos assim ser mais felizes sendo simplesmente cada vez mais o que somos.

Estes são meus votos para você e todo mundo que você quiser neste Natal e no Ano Novo.

Beijos e abraços com afeto!

De Verdade!

Fernando

Mysteries

Beth Gibbons



God knows how I adore life
When the wind turns on the shores lies another day
I cannot ask for more

When the time bell blows my heart
And I have scored a better day
Well nobody made this war of mine

And the moments that I enjoy
A place of love and mystery
I’ll be there anytime

Oh mysteries of love
Where war is no more
I’ll be there anytime

When the time bell blows my heart
And I have scored a better day
Well nobody made this war of mine

And the moments that I enjoy
A place of love and mystery
I’ll be there anytime

Oh mysteries of love
Where war is no more
I’ll be there anytime

Un bel di vedremo


Un bel dì, vedremo
levarsi un fil di fumo
dall'estremo confin del mare.
E poi la nave appare.
Poi la nave bianca
entra nel porto,
romba il suo saluto.

Vedi? È venuto!
Io non gli scendo incontro. Io no.
Mi metto là sul ciglio del colle e aspetto,
e aspetto gran tempo e non mi pesa,
la lunga attesa.

E uscito dalla folla cittadina
un uomo, un picciol punto
s'avvia per la collina.

Chi sarà? chi sarà?
E come sarà giunto
che dirà? che dirà?
Chiamerà Butterfly dalla lontana.
Io snza dar risposta
me ne starò nascosta
un po' per celia...
e un po' per non morire al primo incontro,
ed egli alquanto in pena chiamerà,
chiamerà: iccina mogliettina
olezzo di verbena,
i nomi che mi dava al suo venire

(a Suzuki)

Tutto questo avverrà, te lo prometto.
Tienti la tua paura,
io consicura fede l'aspetto.

(ária Un bel dì vedremo - Madama Butterfly, 2ºato)

Palavras do Coração

Intérprete: Bruna Caram
Composição: Otávio Toledo e J.C.Costa Netto

São sorrisos largos
Lagos repletos de azul
Os corações atentos
Ventos do Sul
São visões abertas
Certas despertas pra luz
A emoção alerta
Que nos conduz

Sonhos aventuras
Juras promessas
Dessas que um dia acontecerão
Você me daria a mão?
Todos esses versos soltos dispersos
No meu novo universo serão
Palavras do coração

São os artifícios
Vícios deixando de ser
Os velhos compromissos
Pra esquecer
São pontos de vista
Uma conquista comum
O mesmo pé na estrada
De cada um

Sonhos aventuras
Juras promessas
Dessas que um dia acontecerão
Você me daria a mão?
Todos estes versos soltos dispersos
No meu novo universo serão
Palavras do coração

Caminho para o interior

Composição: Otávio Toledo & Costa Netto
Interprete: Bruna Caram

A manhã nasceu lá fora
O meu tempo é mesmo agora
Já vesti a roupa colorida

Na cabeça vem aquele verso
Sobre o meu novo universo
A canção que é minha preferida

Nesse rio sei andar na beira
Desvario é essa cachoeira
Trilha subindo a mata
A vista que me arrebata

  Essa estrada me chamou
  Eu vou
  Caminho pro interior

  Essa estrada me chamou
  Eu vou
  Caminho pro interior

Quaresmeira se encheu de flores
Já calcei o velho tênis
Não tirei nosso bottom da mochila

Ter de novo sua mão na minha
A razão por que andou sozinha
Nem sei mais, um sentimento não vacila

Escutei sua voz no vento
Coração salta no meu peito
Estou de alma lavada
Não chove mais na minha estrada

  Seu olhar já me chamou
  Eu vou
  Caminho pro interior

  Seu olhar já me chamou
  Eu vou
  Caminho pro interior

Escutei sua voz no vento
Coração salta no meu peito
Estou de alma lavada
Não chove mais na minha estrada

  Seu olhar já me chamou
  Eu vou
  Caminho pro interior

  Seu olhar já me chamou
  Eu vou
  Caminho pro interior


Os presentes

Composição: Kleber Albuquerque
Interprete: Eliana Printes

Que presentes te daria

Uma estrela vã no firmamento
Pra iluminar o vão do pensamento
Pra iluminar o vão do pensamento

Uma tv na garantia
Árvores plantadas no cimento
E o meu perfume na rosa dos ventos
E o meu perfume na rosa dos ventos
E o meu perfume na rosa dos ventos

Um novo ritmo
Cartas de amor com frente e verso
E o meu percurso nesse universo
E o meu percurso nesse universo
E o meu percurso nesse universo

Nas horas sem fim
Em que a dor não tem mais cabimento
É no teu prumo que eu me oriento
É no teu prumo que eu me oriento
É no teu prumo que eu me oriento

Catedrais de alvenaria
Senhas pra não mais perder a vez
Casa, comida e um milhão por mês
Casa, comida e um milhão por mês
Casa, comida e um milhão por mês

Casa, comida e um milhão por mês
Casa, comida e um milhão por mês
Casa, comida e um milhão por mês

Joseph mon vieux Joseph

Georges Moustaki

0% TRANS

Parece que existe uma brecha técnica na regulamentação da ANVISA e os fabricantes de produtos com gorduras e óleos vegetais hidrogenados trans saturados podem estampar nos produtos "0% Trans" e manter o uso das gorduras trans com uma pequena mudança na porção do produto.

Procure se informar com algumas pesquisas na internet (*) se você tem algum interesse ou cuidado com algum destes males: colesterol, pressão arterial, infartos, derrames, mal formações neurológicas em fetos e crianças, cancer de mama etc.

Alguns fabricantes ja substituiram as gorduras trans por gorduras interesterificadas mas parece também que algumas pesquisas já associam o uso destas gorduras com maleficios ao pancreas e produção de insulina.

Parece que o bom mesmo é o uso da gordura animal natural em quantidades razoáveis sem exageros, com exercícios etc.

(*) Procure na internet por "gordura trans" e "gordura interesterificada" nos sites da ANVISA, Folha de São Paulo, Agência Câmara, Wikipédia e Google.

Abraços e bom final de semana!

OBS: Testando o envio de post diretamente por email.

Reflectère

"A decisão mais importante de tua vida é resolver
se vives em um universo amigável ou hostil."
Albert Einstein



Das utopias

Se as coisas são inatingíveis... ora!

não é motivo para não quere-las...

Que tristes os caminhos, se não fora

a magica presença das estrelas!

Mário Quintana

.

Contemplação


Pista Cláudio Coutinho - Rio de Janeiro - Setembro 2009

Dicotomias

"Quem quiser nascer tem que
destruir um mundo."
H. Hesse in Demian


Ideal x Real
Idealizado x Realizado
Alma x Corpo
Bandido x Polícia
Indiferença x Amor
Mente x Corpo
Bobo x Esperto
Racional x Emocional
Forte x Fraco
Trabalhador x Vagabundo
Bom x Mau
Deus x Diabo
Amor x Ódio
Silêncio x Barulho
Estudioso x Vagabundo
Governo x Povo
Empresários x Trabalhadores
Inteligencia x Burrice
Conversa x Silêncio
Sucesso x Fracasso
Malandro x Trabalhador
Especial x Normal
Coragem x Medo
Artificial x Natural
Bem x Mal

Arf... Cansei!

Sangue Latino

Composição: João Ricardo / Paulinho Mendonça
Interpretes: Secos & Molhados

Jurei mentiras e sigo sozinho, assumo os pecados
Os ventos do norte não movem moinhos

E o que me resta é só um gemido
Minha vida, meus mortos, meus caminhos tortos,
Meu sangue latino, minha alma cativa

Rompi tratados, traí os ritos
Quebrei a lança, lancei no espaço
Um grito, um desabafo

E o que me importa é não estar vencido
Minha vida, meus mortos, meus caminhos tortos,
Meu sangue latino, minha alma cativa


Esperando Aviões

Vander Lee
Composição: Vander Lee

Meus olhos te viram triste
Olhando pro infinito
Tentando ouvir o som do próprio grito
E o louco que ainda me resta
Só quis te levar pra festa
Você me amou de um jeito tão aflito

Que eu queria poder te dizer sem palavras
Eu queria poder te cantar sem canções
Eu queria viver morrendo em sua teia
Seu sangue correndo em minha veia
Seu cheiro morando em meus pulmões
Cada dia que passo sem sua presença
Sou um presidiário cumprindo sentença
Sou um velho diário perdido na areia
Esperando que você me leia
Sou pista vazia esperando aviões

Sou o lamento no canto da sereia
Esperando o naufrágio das embarcações


Primavera

Poema XIV - Pablo Neruda

Juegas todos los días con la luz del universo.
Sutil visitadora, llegas en la flor y en el agua.
Eres más que esta blanca cabecita que aprieto
como un racimo entre mis manos cada día.

A nadie te pareces desde que yo te amo.
Déjame tenderte entre guirnaldas amarillas.
Quién escribe tu nombre con letras de humo entre las estrellas del sur?
Ah déjame recordarte cómo eras entonces, cuando aún no existías.

De pronto el viento aúlla y golpea mi ventana cerrada.
El cielo es una red cuajada de peces sombríos.
Aquí vienen a dar todos los vientos, todos.
Se desviste la lluvia.

Pasan huyendo los pájaros.
El viento. El viento.
Yo sólo puedo luchar contra la fuerza de los hombres.
El temporal arremolina hojas oscuras
y suelta todas las barcas que anoche amarraron al cielo.

Tú estás aquí. Ah tú no huyes.
Tú me responderás hasta el último grito.
Ovíllate a mi lado como si tuvieras miedo.
Sin embargo alguna vez corrió una sombra extraña por tus ojos.

Ahora, ahora también, pequeña, me traes madreselvas,
y tienes hasta los senos perfumados.
Mientras el viento triste galopa matando mariposas
yo te amo, y mi alegría muerde tu boca de ciruela.

Cuanto te habrá dolido acostumbrarte a mí,
a mi alma sola y salvaje, a mi nombre que todos ahuyentan.
Hemos visto arder tantas veces el lucero besándonos los ojos
y sobre nuestras cabezas destorcerse los crepúsculos en abanicos girantes.

Mis palabras llovieron sobre ti acariciándote.
Amé desde hace tiempo tu cuerpo de nácar soleado.
Hasta te creo dueña del universo.
Te traeré de las montañas flores alegres, copihues,
avellanas oscuras, y cestas silvestres de besos.

Quiero hacer contigo
lo que la primavera hace con los cerezos.



Do livro Vinte Poemas De Amor e Uma Canção Desesperada de Pablo Neruda

Pro dia nascer feliz

"Às vezes eu acho que é um pouco violento esse jeito como se vive: as pessoas tem que deixar de lado aquilo em que acreditam para se convervar vivas."

Maysa, 16 anos


"Eu tenho medo de coisas, assim, totalmente complexas e grandiosas, como o medo da morte, o que acontece depois da vida, quem sou eu, o que vai acontecer comigo."

Thais, 15 anos.


"Eu deveria ter uma péssima impressão da vida se não fosse a paixão que tenho pela arte de viver."

Valéria, 16 anos.


Roteiro, Direção e Edição: João Jardim
Produção: Flávio Tambellini e João Jardim

Entrevista com o diretor João Jardim

Trailer do filme no You Tube:

Marco de Conquista

"Para grandes realizações,
devemos não só agir,
mas também sonhar;
não só planejar,
mas também crer."

Anatole France




As Possibilidades Perdidas - Red Potage - You Gotta Keep Dancin' - Canção

Sobre um texto, atribuido ao Carlos Drummond de Andrade mas que é na verdade uma colagem de 3 autores: Martha Medeiros, uma escritora inglesa chamada Mary Cholmondeley e um americano chamado Tim Hansel.

O texto também é conhecido com o título "Viver não dói".

Não encontrei o Drummond no texto mas gostei do que li e procurando descobri que a maior parte do texto é de outra autora que gosto muito, a Martha Medeiros. Achei isto em um blog como o nome de Autor Desconhecido.

Estas mensagens são valiosas mas tomem cuidado com estas mensagens que recebemos e repassamos. Só Deus sabe porque alguém acha que trocar o nome de um autor faz o texto ou poema ficar mais interessante... Vale a pena conferir o blog do Autor Desconhecido.

Então estou colocando aqui os textos e fragmentos originais e acrescentei o poema do Emilio Moura que também está no mesmo blog e que é citado pela Martha e que também é citado pelo Carlos de quem Emilio era amigo.

Espero que gostem. É um carinho para o final da semana.

Se puder e quiser, envie isto para outras pessoas.

Não se preocupe, se você não enviar nada de ruim vai acontecer na sua vida por isto.


Se enviar é certo que você vai colaborar para esclarecer e diminuir o impacto desta injustiça. Injustiça com o Drummond, com a Martha, com a Mary, com o Tim e com o Emilio Moura que teve sua citação cortada sem piedade da crônica da Martha.

Porém algo precioso também poderá acontecer se você se dispor a encaminhar este email para outras pessoas. Pode ser uma semente de que um dia alguém se lembre ou encontre num momento difícil de sua vida e possa assim se inspirar para não fugir da vida, não fugir do amor e não abandonar seus sonhos por uma prudência mesquinha.

Possa assim talvez alguém amar mais e buscar a vida se admirando com os milagres, olhando mais para as alegrias e para as coisas boas sem temer ou desejar o entorpecimento de evitar a dor e com isto também evitar as alegrias e prazeres de viver em plenitude.

Assim, seremos todos parte, mesmo que no anonimato de um bem comum para todos.

MARTHA MEDEIROS - AS POSSIBILIDADES PERDIDAS
(Crônica de 20 de Agosto de 2002
)
Fiquei sabendo que um poeta mineiro que eu não conhecia, chamado Emilio Moura, teria completado 100 anos neste mês de agosto, caso vivo fosse. Era amigo de outro grande poeta, Drummond. Chegaram a mim alguns versos dele, e um em especial me chamou a atenção: "Viver não dói. O que dói é a vida que não se vive".

Definitivo, como tudo o que é simples. Nossa dor não advém das coisas vividas, mas das coisas que foram sonhadas e não se cumpriram.

Por que sofremos tanto por amor? O certo seria a gente não sofrer, apenas agradecer por termos conhecido uma pessoa tão bacana, que gerou em nós um sentimento intenso e que nos fez companhia por um tempo razoável, um tempo feliz. Sofremos por quê?

Porque automaticamente esquecemos o que foi desfrutado e passamos a sofrer pelas nossas projeções irrealizadas, por todas as cidades que gostaríamos de ter conhecido ao lado do nosso amor e não conhecemos, por todos os filhos que gostaríamos de ter tido junto e não tivemos, por todos os shows e livros e silêncios que gostaríamos de ter compartilhado, e não compartilhamos. Por todos os beijos cancelados, pela eternidade interrompida.

Sofremos não porque nosso trabalho é desgastante e paga pouco, mas por todas as horas livres que deixamos de ter para ir ao cinema, para conversar com um amigo, para nadar, para namorar. Sofremos não porque nossa mãe é impaciente conosco, mas por todos os momentos em que poderíamos estar confidenciando a ela nossas mais profundas angústias se ela estivesse interessada em nos compreender. Sofremos não porque nosso time perdeu, mas pela euforia sufocada. Sofremos não porque envelhecemos, mas porque o futuro está sendo confiscado de nós, impedindo assim que mil aventuras nos aconteçam, todas aquelas com as quais sonhamos e nunca chegamos a experimentar.

Como aliviar a dor do que não foi vivido? A resposta é simples como um verso: se iludindo menos e vivendo mais."

MARY CHOLMONDELEY - RED POTTAGE
(Trecho do romance de 1899
)
"Every year I live I am more convinced that the wast of life lies in the love we have not given, the powers we have not used, the selfish prudence which will risk nothing, and which, shirking pain, misses happiness as well."

"A cada ano que vivo, mais me convenço de que o desperdicio da vida está no amor que nao damos, nas energias que nao usamos, na prudencia egoista que nada arrisca e que, esquivando-se do sofrimento, tambem perde a felicidade."

TIM HANSEL - YOU GOTTA KEEP DANCING'
(Tim sofreu um acidente e vive com dores terríveis mas não desistiu de viver
)
"Pain is inevitable, but misery is optional. We cannot avoid pain, but we can avoid joy."

"A dor é inevitável, mas a miséria é opcional. Não podemos evitar a dor, mas podemos evitar a alegria."

EMILIO MOURA - CANÇÃO
(Emilio Moura é citado e homenageado não só por Drummond mas por outros escritores)


Viver nao dói. O que dói
é a vida que se não vive.
Tanto mais bela sonhada,
quanto mais triste perdida.

Viver não dói. O que dói
é o tempo, essa força onírica
em que se criam os mitos
que o proprio tempo devora.

Viver não dói. O que dói
é essa estranha lucidez,
misto de fome e de sede
com que tudo devoramos.

Viver não dói. O que dói,
ferindo fundo, ferindo,
é a distância infinita
entre a vida que se pensa
e o pensamento vivido.

Que tudo o mais é perdido.


Beijos, abraços e um ótimo final de semana para todos!

Cinema, Vídeo. TV etc

Nos últimos meses assisti ou revi vários filmes, no cinema e DVD.

Eis os que eu recomendo:

- A Partida
- À Deriva
- O Corajoso Ratinho Despereaux (animação)
- Foi Apenas um Sonho
- Milk: a voz da igualdade
- O Leitor
- Dúvida
- Gran Torino
- Bolt o super cão (animação)
- O Curioso Caso de Benjamin Button
- Há tanto tempo que te amo
- Tinha de ser você
- A mulher invisível
- Billy Elliot
- Doutor Jivago
- Um casamento a indiana

Estes são... bonzinhos, divertidos ou curiosos mas não espere muito...

- Budapeste
- Brüno
- Estômago
- Harry Potter e o Enigma do Príncipe
- O Escafandro e a Borboleta
- Coraline e o Mundo Secreto (animação)
- Wolwerine - A Origem
- Star Trek
- Ele não está tão a fim de você
- A força de uma amizade
- Café da manhã em Plutão
- Cinco pessoas que você encontra no céu
- Minority report
- Noites de tormenta
- Vicky Cristina Barcelona

Destes, fuja, qualquer coisa para fazer é melhor, na minha opinião...

- Hannah Montana: O Filme
- Força G
- Uma noite no museu 2

Aguardando a oportunidade de assistir:

- Up, altas aventuras
- A Onda
- O gosto dos outros

Outros vídeos, programas e séries

- Continuo assistindo alguns dos eventos da CPFL Cultura (Café Filosófico e Invenção do Contemporâneo). Aliás hoje, às 20hs tem palestra do Café em São Paulo com transmissão participativa ao vivo: Utopia na Vida Sexual e Afetiva.

- Assisti alguns episódios antigos da primeira temporada do Kung Fu com o David Carradine. Eu sou um saudosista...

- Assisti alguns episódios da série Em Terapia. Recomendo para quem se interessa por psicoterapias e por gente.

- Na telinha da Globo pude acompanhar todos os episódios de Som e Fúria. Muito bom!

- Estou assistingo agora a minisérie da Globo, Anos Rebeldes. Planejando rever com meu filho para apresentar e discutir alguns aspectos da história recente do pais.

Leituras

Notícias de minhas parcas leituras...

Na cabeceira:

- As Afinidades Eletivas - J. W. V Goethe
- A Casa dos Budas Ditosos - João Ubaldo Ribeiro.

Li e recomendo:

- Demian - Hermann Hesse
- Zen e a arte da manutenção e motocicletas - Robert Pirsig
- Antígona - Sófocles
- Tudo que eu queria te dizer - Martha Medeiros
- Caio 3D - O essencial da década de 1980 - Caio Fernando Abreu
- Clarice Lispector - Judith Rosenbaum

Outras leituras recentes:

- O Conto do Amor - Contadro Calligaris
- A filosofia como remédio para o desemprego - Jean-Louis Cianni
- Cigarro: um adeus possível - Flávio Gikovate
- A coleção Memória da Psicanálise da revista Mente & Cérebro - Duetto Editorial

Acompanhando Sinclair

- As coisas que vemos - continuou Pistórius com uma voz mais velada - são as mesmas que temos dentro de nós. A única realidade é aquela que se contém dentro de nós, e se os homens vivem tão irrealmente é porque aceitam como realidade as imagens exteriores e sufocam em si a voz do mundo inteiro. Também se pode ser feliz assim; mas quando se chega a conhecer o outro; torna-se impossível seguir o caminho da maioria. O caminho da maioria é fácil, o nosso é penoso. Caminhemos.

Demian - Hermann Hesse

Thaïs - Ópera de Massenet

Thaïs é uma ópera (ópera-comique) em três atos de Jules Massenet com libreto de Louis Gallet e baseado no romance homonimo de Anatole France. Foi apresentada pela primeira vez na Ópera Garnier (Paris) em 16 de Março de 1894, estrelando com a soprano americana Sybil Sanderson

A história se passa no Egito durante a ocupação grega quando um monge Cenobita, Athanaël, se propõe a converter Thaïs, uma cortesã de Alexandria e devota de Vênus, ao Cristinanismo mas descobre, tarde demais que sua obsessão se fundamenta em um profundo desejo por Thaïs que revela afinal uma compreensão mais fundamentada do processo de conversão.

É uma ópera que aborda o tema da conversão de vida, da amizade, do amor e do erotismo. O trecho conhecido como Méditation religieuse ou Thaïs Meditation consiste de um solo de violino e acompanhamento de cordas que se apresenta no segundo ato entre cenas quando Thaïs medita antes de tomar uma decisão e é uma das partes mais executadas com arranjos já feitos para vários instrumentos.



Depois de Manon e Werther, esta é uma das óperas de Massenet
mais executadas integral ou parcialmente embora não seja comum já que a peça foi criada por Massenet considerando especificamente Sybil Sanderson no papel de Thaïs. Assim, a interpretação da protagonista é difícil e a execução da ópera rara.

Papeis Principais
Thaïs ............... Cortesã e sacerdotisa de Vênus
Athanaël ......... Monge Cenobita
Nicias .............. Nobre sibarita
Crobyle ........... Serva de Nicias
Myrtale ........... Serva de Nicias
Palémon .......... Líder dos Cenobitas
Albine ............. Abadessa
Sinopse

Ato 1
Primeira Cena

Um grupo de monges Cenobitas trabalhando.

Athanaël, dentre eles o mais rigoroso asceta, entra e confessa ao monge superior, Palémon, que esta perturbado com visões de uma cortesã e sacerdotisa de Vênus chamada Thaïs que ele vira muitos anos atrás quando esteve em Alexandria.

Acreditando que estas visões eram um sinal de Deus, ele resolve, contra o conselho de Palémon, retornar para Alexandria, converter Thaïs ao Cristianismo e persuadi-la a entrar para um convento.

Segunda Cena

Athanaël chega a Alexandria e visita seu velho amigo Nicias, rico, indolente e voluptuoso. Nicias o recebe de braços abertos e revela que é o atual amante de Thaïs. Depois de ouvir o plano de Athanaël, ele dá uma gargalhada e o adverte que a raiva de Vênus pode ser terrível.

Apesar disto, ele procura disfarçar seu amigo preparando-o para a festa em que Thaïs estará presente dali a pouco. Suas escravas, Crobyle e Myrtale, vestem Athanaël zombando de seus planos e de sua virtude.

A festa começa. Thaïs chega e canta uma canção em dueto com Nicias: esta é a última noite que estarão juntos. Ela então lhe pergunta sobre Athanaël, este ouve e lhe responde que veio ensina-la o desprezo da carne e o amor ao sofrimento.

Sem ser tocada por suas palavras, ela molesta seu juizo com uma canção sedutora. Ele então se retira raivoso prometendo voltar mais tarde. Na saída, ela ainda lhe lança um desafio: "Ouse voltar, vós que desafias Vênus!"

Ato 2
Primeira Cena

Exausta depois da festa, Thaïs expressa insatisfação com sua vida vazia e reflete sobre o fato de que um dia a velhice acabará com sua beleza.

Athanaël entra neste momento em que ela está vulnerável, e ele orando à Deus para ocultar dele a beleza de Thaïs. Ele então lhe diz que a ama pelo espírito e não pela carne e que seu amor será para sempre e não somente por uma noite.

Intrigada, ela pede que lhe ensine os caminhos deste amor. Ele quase sucumbe a seus encantos mas consegue explicar que se ela se converter terá a vida eterna. Envolvida pela sua retórica Thaïs quase cede mas no final reafirma sua visão niilista da vida e o põe para fora.

Entretanto, depois de meditar com calma ela muda de idéia.

Segunda Cena

Thaïs se junta a Athanaël resolvida a seguir com ele pelo deserto. Ele lhe instrui então que se livre de sua casa e posses para destruir todos os vínculos com seu passado pagão.

Ela concorda mas pede para manter uma estátua de Eros, o deus do amor e lhe explica que pecou contra o amor e não através do amor. Quando no entanto, Athanaël descobre que a estátua foi presente de Nicias pede que a destrua também.

Nicias aparece então com um grupo de foliões que encontram Athanaël levando Thaïs. Furiosos eles lançam pedras. Embora surpreso, Nicias respeita a decisão de Thaïs e joga várias moedas para a multidão. Thaïs e Athanaël fogem.

Ato 3
Primeira Cena

Thaïs e Athanaël viajam a pé através do deserto. Thaïs está exausta mas Athanaël a força a continuar como penitência pelos seus pecados.

Eles chegam a um oásis onde Athanaël sente pena dela ao invés de repugnância e compartilham momentos idílicos de um companheirismo platonico enquanto descansam.

Logo depois chegam ao convento onde Thaïs ficará. Deixando-a aos cuidados da abadessa Albine ele se dá conta de que cumpriu sua missão e que nunca mais a verá novamente.


Segunda Cena

Os monges Cenobitas expressam sua aflição com o comportamento melancólico e anti-social de Athanaël desde seu retorno de Alexandria.

Athanaël entra e confessa á Palémon que começou a experimentar um desejo sexual por Thaïs. Palémon o castiga entre outros motivos por tentar converte-la contra sua recomendação.

Athanaël abatido cai em sono e tem uma visão erótica de Thaïs. Ele tenta agarra-la mas ela lhe escapa entre gargalhadas. Uma segunda visão lhe mostra que Thaïs está morrendo.


Terceira Cena

Sentindo que a existência não vale mais nada sem Thaïs, Athanaël repudia seus votos e corre ao seu encontro.

Ele chega ao convento e a encontra no jardim do convento aos pés de uma figueira. Ele lhe fala então que tudo que ele lhe ensinara era mentira e que nada era verdade além da vida e do amor entre os seres humanos e que ele a ama.

Distante e repleta de alegria, ela descreve o céu se abrindo e os anjos vindo a seu encontro.

Thaïs morre em bem-aventurança e Athanaël cai em desespero.


Referências
Wikipédia (Inglês): Thaïs (Opera)
Libreto de Louis Gallet (em francês)
Romance de Anatole France (em inglês)
Trecho da ópera (2o Ato 2, "Oh, mon miroir fidéle") interpretado por Renée Fleming e Orquestra Simfònica del Gran Teatre del Liceu de Barcelona,regência de Andrew Davis:

Footprints

...
Para os gregos, o futuro chegava-lhes pelas costas e o passado se afastava diante de seus olhos.


Quando se pensa no assunto, essa metáfora é mais precisa que a que usamos atualmente. Quem será efetivamente capaz de olhar para o futuro? Tudo o que podemos fazer é elaborar projeções a partir do que aconteceu no passado, mesmo que o próprio passado nos mostre que essas projeções nem sempre estão certas. E quem será realmente capaz de esquecer o passado? O que mais existe que possa ser conhecido?

Robert Pirsig
Zen e a Arte da Manutenção de Motocicletas

...
Ancient Greek... saw the future as something that came upon them from behind their backs with the past receding away before their eyes.

When you think about it, that's a more accurate metaphor than our present one. Who really can face the future? All you can do is project from the past, even when the past shows that such projections are often wrong. And who really can forget the past? What else is there to know?

Robert Pirsig
Zen and the Art of Motorcycle Maintenance



LEMBRE-SE!

* Você é livre para escolher seu caminho!

* Diga adeus, profundamente agradecida,
se for o único caminho pra preservar o respeito!

* Estamos aqui para aprender, mas também para
sentir prazeres indescritíveis!

* Conciliar é se encontrar a meio caminho,
concessão é anulação da essência divina!

* Amar é respeitar o livre arbítrio!

Bia


Agradeço à Bia, por me permitir compartilhar seus lembretes aqui no blog!

Fio de vida

Já fiz mais do que podia
Nem sei como foi que fiz.
Muita vez nem quis a vida
a vida foi quem me quis.

Para me ter como servo?
Para acender um tição
na frágua da indiferença?
Para abrir um coração

no fosso da inteligência?
Não sei, nunca vou saber.
Sei que de tanto me ter,
acabei amando a vida.

Vida que anda por um fio,
diz quem sabe. Pode andar,
contanto (vida é milagre)
que bem cumprido o meu fio.

Thiago de Mello

A Noiseless Patient Spider

A noiseless patient spider,
I mark'd where on a little promontory it stood isolated,
Mark'd how to explore the vacant vast surrounding,
It launch'd forth filament, filament, filament out of itself,
Ever unreeling them, ever tirelessly speeding them.

And you O my soul where you stand,
Surrounded, detached, in measureless oceans of space,
Ceaselessly musing, venturing, throwing, seeking the spheres to connect them,
Till the bridge you will need be form'd, till the ductile anchor hold,
Till the gossamer thread you fling catch somewhere, O my soul.

Uma aranha paciente e silenciosa,
Registrei o lugar de um pequeno promontório em que ela estava isolada,
Registrei o modo como, para explorar as vastas redondezas vazias,
Ela lançou adiante filamentos, filamentos, filamentos que saíram de dentro dela,
Sempre os desenrolando, sempre os acelerando incansavelmente.

E tu, ó minha alma, no lugar em que estás,
Cercada, destacada, em imensuráveis oceanos de espaço,
Meditando incessantemente, aventurando-se, lançando-se, procurando as esferas para conectá-las,
Até a ponte que terá de ser formada para ti, até o cabo flexível da âncora,
Até que a fibra fina que atiras prenda-se em alguma parte, ó minha alma.

Walt Whitman


Cacaso

Amor Amor
Cacaso e Sueli Costa

Quando o mar
quando o mar tem mais segredo
não é quando ele se agita
nem é quando é tempestade
nem é quando é ventania
quando o mar tem mais segredo
é quando é calmaria

quando o amor
quando o amor tem mais perigo
não é quando ele se arrisca
nem é quando ele se ausenta
nem quando eu me desespero
quando o amor tem mais perigo
é quando ele é sincero



Dentro de Mim Mora um Anjo
Cacaso e Sueli Costa

Quem me vê assim cantando
Não sabe nada de mim
Dentro de mim mora um anjo
Que tem a boca pintada
Que tem as unhas pintadas
Que tem as asas pintadas
Que passa horas à fio
No espelho do toucador

Dentro de mim mora um anjo
Que me sufoca de amor
Dentro de mim mora um anjo
Montado sobre um cavalo
Que ele sangra de espora
Ele é meu lado de dentro
Eu sou seu lado de fora

Quem me vê assim cantando
Não sabe nada de mim
Dentro de mim mora um anjo
Que arrasta suas medalhas
E que batuca pandeiro
Que me prendeu em seus laços
Mas que é meu prisioneiro

Acho que é colombina
Acho que é bailarina
Acho que é brasileiro
Quem me vê assim cantando
Não sabe nada de mim



Face a Face
Cacaso e Sueli Costa

São as trapaças da sorte, são as graças da paixão
Pra se combinar comigo tem que ter opinião
São as desgraças da sorte, são as traças da paixão
Quem quiser casar comigo tem que ter bom coração

Morena quando repenso o nosso sonho fagueiro
O céu estava tão denso, o inverno tão passageiro
Uma certeza me nasce, e abole todo o meu zelo
Quando me vi face a face fitava o meu pesadelo
Estava cego o apelo, estava solto o impasse
Sofrendo nosso desvelo, perdendo no desenlace
No rolo feito um novelo, até o fim do degelo
Até que a morte me abrace

São as desgraças da sorte, são as traças da paixão
Quem quiser casar comigo tem que ter bom coração
São as trapaças da sorte, são as graças da paixão
Pra se combinar comigo tem que ter opinião

Morena quando relembro aquele céu escarlate
Mal começava dezembro, já ia longe o combate
Uma lambada me bole, uma certeza me abate
A dor querendo que eu morra, o amor querendo que eu mate
Estava solta a cachorra que mete o dente e não late
No meio daquela zorra, perdendo no desempate
Girando feito piorra, até que a mágoa escorra
Até que a raiva desate

São as trapaças da sorte, são as graças da paixão
Pra se combinar comigo tem que ter opinião
São as desgraças da sorte, são as traças da paixão
Quem quiser casar comigo tem que ter bom coração


Marilyn Manson - Every day it hurts to wake up

Ilusões?



Ilusión
Julieta Venegas e Marisa Monte

Uma vez eu tive uma ilusão
E não soube o que fazer
Não soube o que fazer
Com ela
Não soube o que fazer
E ela se foi
Porque eu a deixei
Por que eu a deixei?
Não sei
Eu só sei que ela se foi

Mi corazón desde entonces
La llora diario
No portão
Por ella no supe que hacer
y se me fue
Porque la deje
¿Por que la deje?
No sé
Solo sé que se me fue

Sei que tudo o que eu queria
Deixei tudo o que eu queria
Porque não me deixei tentar
Vivê-la feliz

É a ilusão de que volte
O que me faça feliz
Faça viver

Por ella no supe que hacer
Y se me fue
Porque la deje
¿Por que la deje?
No sé
Solo sé que se me fue

Sei que tudo o que eu queria
Deixei tudo o que eu queria
Porque não me deixei tentar
Viver-la feliz

Sei que tudo o que eu queria
Deixei tudo o que eu queria
Porque no me dejo
Tratar de ser la feliz

Porque la deje
¿Por que la deje?
No sé
Solo sé que se me fue


Pus o meu sonho num navio
e o navio em cima do mar;
- depois, abri o mar com as mãos,
para o meu sonho naufragar

Minhas mãos ainda estão molhadas
do azul das ondas entreabertas,
e a cor que escorre de meus dedos
colore as areias desertas.

O vento vem vindo de longe,
a noite se curva de frio;
debaixo da água vai morrendo
meu sonho, dentro de um navio...

Chorarei quanto for preciso,
para fazer com que o mar cresça,
e o meu navio chegue ao fundo
e o meu sonho desapareça.

Depois, tudo estará perfeito;
praia lisa, águas ordenadas,
meus olhos secos como pedras
e as minhas duas mãos quebradas.

Cecília Meireles

A Recuperação da Alma

Quando a uma árvore são cortados os ramos da copa, vão-lhe nascendo mais perto da raiz novos rebentos. Do mesmo modo, também as almas que ao despontar adoecem e quase fenecem regressam frequentemente à primavera dos sentimentos, à apreensiva infãncia onde tudo começa, como se aí pudessem encontrar novas esperanças e reatar o fio condutor da vida que antes fora quebrado. Os rebentos que brotaram perto das raízes anseiam por uma rápida ascensão, mas tudo não passa de uma ilusão, pois nunca a partir deles se voltará a desenvolver uma verdadeira árvore.

Hermann Hesse, in "Hans"


Entre o sono e sonho,

Entre mim e o que em mim
É o quem eu me suponho
Corre um rio sem fim.

Passou por outras margens,
Diversas mais além,
Naquelas várias viagens
Que todo o rio tem.

Chegou onde hoje habito
A casa que hoje sou.
Passa, se eu me medito;
Se desperto, passou.

E quem me sinto e morre
No que me liga a mim
Dorme onde o rio corre —
Esse rio sem fim.

Fernando Pessoa

Nunca deixe que lhe digam que não vale a pena acreditar no sonho que se tem.
Renato Russo




Chi Mai

Quem ouvirá o que ouvi?
Ou verá o que vi?
Ou provará sabores e aromas que provei?

Quem sentirá a brisa que refrescou meu rosto?
Ou sentirá os toques que senti?

E se pudesse acontecer de sentir... Saberia?
Saberia como isto me tocou?
Saberia como me toca?

Saberia alguém de como sofri?
De como foi dilacerante a dor?
Saberia da minha dor?

Quem saberá da minha alegria?
Do meu prazer? Do meu contentamento?

Quem saberá do meu sonho?

Quem saberá daquele pensamento
que posto em palavras... evapora?

Quem poderá me falar do que viveu?
Quem abriria seus mundos para mim?

Quem pode estar ao meu lado
muito além do que se vive junto
mas em... Comunhão?

Quem pode me dar um pouco de si?
Me dar realmente, realmente, um pouco de si?

E aceitar... Um pouco de mim?
Posto que me esforce em dar tudo?.

Quem?

Ingenuidade

Creio que a base mais importante de qualquer relacionamento é a confiança e a sinceridade.

Daí a dificuldade de que se estabeleçam relacionamentos verdadeiros. Algumas pessoas não querem mesmo confiar e buscar nas suas vidas a sinceridade mesmo que algumas vezes digam que o desejam não estão dispostas para as mudanças necessárias.

Primeiro é preciso buscar estar pronto para confiar e aceitar a sinceridade do outro quando surgir a oportunidade de um relacionamento pautado pela sinceridade e pela verdade. Confiar e aceitar depende de nós. É difícil mas como depende de nós, é possível.

Segundo... Haver um outro que nos proporcione esta oportunidade. Um outro que também deseje o mesmo e que viva sua vida e se oriente pelo mesmo. Não depende de nós que este ser exista mas a vida nos garante esta oportunidade como nos garante a oportunidade de saber de um modo ou de outro que isto é possível.

Terceiro. Existir um encontro entre dois seres humanos assim... Buscadores da verdade e da sinceridade. Seres que desejam confiar e aceitar o outro. Ah! Isto é raro e precioso... Este encontro que não depende de um, nem depende de outro mas que somente acontece se há um e outro assim. A vida também nos garante esta oportunidade e também nos mostra que é possível.

Tudo é possível mas raro. Não podemos mais ser ingênuos ao ponto de achar que todos querem o mesmo que nós. Porém não podemos voltar atrás. O fato é que isto não é para todos. Lamentável mas nem todos se dispõe aos esforços necessários e à nudez que se impõe com estes.

Rubaiyat

71 The Moving Finger writes; and, having writ,
Moves on: nor all your Piety nor Wit
Shall lure it back to cancel half a Line,
Nor all your Tears wash out a Word of it.

72 And that inverted Bowl they call the Sky,
Whereunder crawling coop'd we live and die,
Lift not your hands to It for help--for It
As impotently moves as you or I.

73 With Earth's first Clay They did the Last Man knead,
And there of the Last Harvest sow'd the Seed:
And the first Morning of Creation wrote
What the Last Dawn of Reckoning shall read.

74 YESTERDAY This Day's Madness did prepare;
TO-MORROW's Silence, Triumph, or Despair:
Drink! for you not know whence you came, nor why:
Drink! for you know not why you go, nor where.

Rubaiyat 71-74 from Omar Khayyam
E. Fitzgerald Translation - Fifth Edition

Historinha de amor de verdade

Cristiana nasceu numa cidade do norte lá pelos idos de 40. Moça se apaixonou por um rapaz da cidade que lhe chamou o coração de tal jeito que ela jurou pra si que era ele. Dirceu também foi tomado de arrebatamento e procurava de todo modo chegar perto. Se amavam assim de longe.

De longe eu disse... Porque os pais de Cristiana não faziam gosto por Dirceu e não permitiram o namoro. Nem ela disse pra gente o motivo. O que se sabe é que Cristiana se desiludiu da vontade mas não deixou morrer o amor mesmo quando ele se casou com outra moça e foi para o Sul.

Cristiana também arrumou pra gente toda a história de 40 anos de sua vida em alguns minutos. Seu casamento, filhos, trabalho e lutas todas na cidade grande. Ela só demorava saboreando na hora de contar pra gente das notícias que ouvia de Dirceu por amigos e parentes de tempos em tempos.

Um dia o marido de Cristiana morreu e meses depois ligou Dirceu. Se encontraram numa lanchonete aqui perto. Ouviram as histórias um do outro. Algumas que já sabiam mas que fizeram de conta não saber. Outras que souberam mesmo foi ali. Mas não se gastaram muito nas notícias do passado porque tinham muita fome do futuro.

Não sabemos direito o que se deu neste dia mas chegaram de madrugada em casa com os olhinhos brilhando sem dizer palavra o que só deixou mais intrigados os filhos e filhas, aflitos com o sumiço dos pais. Dali em diante quem se meteu entre os dois arrumou foi problema.

Queria estar lá na igreja com todos os parentes e gente amiga vendo os dois meio nervosos se encontrando na frente do altar, os olhos molhados, sorriso espremido, roupas bonitas: dia de festa e momento mágico de ver o rapaz Dirceu e a moça Cristiana casando de verdade.