Júlia

Vou abrir a porta, ela vai me olhar com um sorriso e vir de braços abertos na minha direção! Ah! Sorriso e abraços bem largos para saciar toda minha saudade!

Beijinho e upa bem forte para me esquecer do mundo! Lembro aqui quando a vi pela primeira vez! Veio decidida e sorridente!

Sei lá porque mas acho que será sempre assim! Livre, alegre e decidida! Apaixonada e apaixonante. Atriz, cantora, médica e dona de cachorro... Vejam só!

Quando a paixão passar... (vai?) sei que vai ficar este amor que já é eterno! Amor que parece que tá nem ai mas escorrego e pronto. Tá logo do lado para me levantar.

Eu andava perdido e fui salvo. Juventude é teu nome. Renovação, força e luz para um longo caminho... Tudo bem!

- Doce de chocolate, sorvete de creme e coca-cola. Para que mamão?

Lindinho é o biquinho quando ela finge que vai chorar. Não chora. Cai na gargalhada logo depois porque sabe que é amor. Gargalhada gostosa que faz qualquer um sorrir.

Eu não sou de impôr nada não mas ponho o olho nela vejo logo uma cantora de blues em uma banda super descolada dos anos 20. Minha Janis Joplin tupiniquim.

A gente sabe que tudo passa. Ela não sabe ainda... Se soubesse não ia nem ligar! Finge que nem é com ela e parte para outra!

Outro dia subiu no galho mais alto da árvore e falou em tom professoral:

- Viu papai? Eu não caí...

Percebi que tá sempre me ensinando e iluminando. Me cabe apenas aprender fingindo que ensino alguma coisa. Vou tentando aproveitar cada segundo destes cinco anos em que esta luz brilha comigo.

Presente de Deus é assim. A gente não pede nem planeja. Ele vêm de mansinho olha para a cara da gente de diz... Tá aqui! Para você! Vai ser tua pedra fundamental!

- Obrigado!

Feliz aniversário Juju!

Good Luck

Hoje eu prestei atenção na letra de uma música gravada pela Vanessa da Matta e Ben Harper. A magia das músicas que fazem trilha sonora para os momentos de nossa vida:

Good Luck / Boa Sorte
Vanessa da Mata & Ben Harper

Composição: Vanessa da Mata e Ben Harper

É só isso
Não tem mais jeito
Acabou
Boa sorte
Não tenho o que dizer
São só palavras
E o que eu sinto
Não mudará

Tudo o que quer me dar
É demais
É pesado
Não há paz
Tudo o que quer de mim
Irreais
Expectativas
Desleais

That's it
There is no way
It over
Good luck
I have nothing left to say
It's only words
And what l feel
Won't change

Refrão:

Tudo o que quer me dar
Everything you want to give me
É demais
It too much
É pesado
It's heavy
Não há paz
There is no peace
Tudo o que quer de mim
All you want from me
Irreais
Isn´t real
Expectativas
Expectations
Desleais

Mesmo, se segure
Quero que se cure
Dessa pessoa
Que o aconselha
Há um desencontro
Veja por esse ponto
Há tantas pessoas especiais

Now even if you hold yourself
I want you to get cured
From this person
Who poisoned you
There is a disconnection
See through this point of view
There are so many special people in the world
So many special people in the world... in the world
All you want all you want

Repete refrão

Now were falling (falling), falling (falling) into the night (into the night),
Falling (falling), falling (falling) into the night (um bom encontro é de dois),
Now were falling (falling), falling (falling) into the night (into the night),
Falling (falling), falling (falling) into the night (into the night).

Infelizmente nem todas as pessoas compreendem que não busco encaixes para minha vida. Não creio que alguém possa preencher o que me falta, nem possa amenizar as dores de minhas limitações e da finitude de meu ser.

Porém ainda creio em pessoas que estejam em sintonia comigo, pessoas que saibam o quão raro é um bom encontro de dois. Eu já desperdicei muitos bons encontros sem saber disto... Mas talvez fosse preciso perder para poder aprender e dar valor.

Solo

Te desejo sorte para que teus problemas te façam mais forte. E se apresse assim, a solução dos teus dilemas.

Mas da sorte mesmo tu vais precisar no final da luta quando não houver nada mais para conquistar ou submeter. Nenhum inimigo a tua espreita e nem batalhas complicadas para te sagrares herói.

Desejo-te sorte, companheiro, do fundo do meu coração nesta hora tão inóspita, quando o relógio for tão inútil quanto o segredo dos sábios, os amigos ou a amada.

Neste dia então, não te valerá nenhuma das idéias que amealhaste com o tempo. E quando a noite chegar e tu buscares o alimento, também as especiarias dos quatro cantos do mundo não serão suficientes para teu paladar.

E neste silêncio completo nenhum lugar do universo, nenhuma visão e nem mesmo as melodias mais harmoniosas poderão te acalantar.

Mas sorte mesmo vais precisar se perceberes um grito louco como uma gargalhada que nesta pausa da tua vida inicia seu solo a te acompanhar.

1986

Seu Antônio

O barulho das xícaras se misturava com os pedidos dos clientes e com o ruído dos motores dos carros e ônibus que vinha da rua. Algumas poucas pessoas se sentavam para conversar ou ler um jornal, mas a maioria engolia o café apressado e seguia para os compromissos da manhã.

Nesta correria dos dias que se iniciavam eu gostava de me sentar com calma ali no balcão e tomar o café da manhã em silêncio antes de ir para o trabalho. Ouvir e observar: quase um ritual.

- Uma média, por favor!

- Um café duplo e um pão na chapa...

Lembro daquele dia em que olhava o vapor que subia da cafeteira de aço inoxidável sem pensar em nada. Aquela nuvem esbranquiçada aquecia o ambiente e subia para o teto. Um homem sentou ao meu lado.

- Uma média e um pão com manteiga, por favor!

O homem devia ter aproximadamente uns 40 anos, barba bem feita, cabelos alinhados, terno, gravata e uma pasta de couro. Colocou a pasta sobre o balcão com um pacotinho colorido. Sacou um jornal da pasta, tirou os óculos do bolso do paletó e começou a ler a primeira página.

- E o pãozinho?

Ele abaixou os óculos e levantou os olhos do jornal para o balconista meio surpreso interrogando-o com os olhos. A pergunta foi refeita:

- O senhor quer o pão torradinho ou só quentinho?

- Ah, só esquenta um pouco. Obrigado. - Voltou os olhos para o jornal.

O atendente passou o pedido para o homem da chapa, encheu um copo de café e foi até o canto do balcão aonde um rapaz com um uniforme olhava para um pedaço de papel em branco sobre a mesa com a cabeça abaixada e os dedos enfiados no cabelo.

Deixou o copo, mas o rapaz nem levantou a cabeça. Voltou com as mãos no queixo e parou na frente do meu vizinho de bancada. Olhou para mim com um sorriso entre os lábios apertados.

Sorri de volta, mordi mais um pedaço do pãozinho torradinho que me deram antes e tomei mais um gole de café.

- Doutor! Posso pedir um favor?

O homem levantou os olhos ainda que meio hipnotizado por alguma informação valiosa que estava lendo.

- Sim?

- O doutor podia deixar eu ver o classificado?

Magro e baixo, os olhos pequenos e brilhantes, os dedos das mãos curtos. O balconista olhava para o homem de terno com um sorriso camarada. O cliente olhou para os lados e depois novamente para ele, então fez um sinal com a mão apontando o jornal e concordando com o empréstimo.

- Obrigado doutor! Eu dobro direitinho depois.

Um sorriso compreensivo do meu vizinho.

- Sabe que é? Eu vou comprar uma gaiola de passarinho...

Novo olhar compreensivo e um polegar para cima em sinal de afirmação. Voltou os olhos para o jornal novamente.

- Pra meu caçula...

O “doutor” então levantou as sobrancelhas. Coçou a cabeça e perguntou contrariado:

- Ele gosta de passarinho?

- Quem não gosta né doutor? Mas nem foi ele que pediu. Eu que vou dar. Eu saio de casa e ele ainda está dormindo. Quando eu volto, ele já está dormindo. Só vejo o danado no domingo. Então quero dar uma lembrança pra ele. - E escancarou um sorriso largo. - Opa! Peraí que vou pegar o pão do doutor!

O meu colega de balcão acompanhou com os olhos os passos apressados até a chapa aonde outro sujeito mais jovem e alto preparava os sanduíches e pãezinhos. Ele deixou então o jornal de lado e se ajeitou na cadeira. Quando voltou com o pedido, o atendente retomou a história:

- Sabe doutor? Passarinho me lembra meu pai. Todo domingo ele me chamava “Toiiiinhoo! Vamos limpar a gaiola do canário!”. Eu ia todo contente!

Acabou de falar, abriu os classificados, olhou para os fregueses e como se tudo estivesse em ordem voltou para o jornal.

- Ah! Tá aqui...

Tirou um papel do bolso e fez umas anotações, dobrou o jornal com cuidado e colocou no mesmo lugar sobre a pasta.

- Obrigado mesmo doutor! Tá gostando?

O outro com as bochechas cheias de pão e café com leite balançou a cabeça afirmativamente. Então ele gritou para o sujeito na chapa.

- Valdir! Fiz as pazes com a velha!

- É mesmo seu Antônio? O senhor brigou com ela?

- Te contei não? Xiiiii rapaz! A gente se melindrou semana passada e a coisa ficou preta lá em casa. A mulher não quis nem mais chegar pra um agrado. - Falou isto olhando para o chão e fazendo carinha de triste.

Valdir me olhou rindo e falou:

- Mas e ai seu Antônio? O que o senhor fez?

- Ontem sai daqui e passei ali na banca de flor e comprei um botão de rosa clarinha...

- E o que ela achou? Já deu pra ela?

- Dei hoje de manhã! A gente saiu pro trabalho e levei a rosa escondida. Tava mais bonita de ver! Ai fomos andando para o ponto e no meio do caminho eu parei. Ela olhou pra mim e já ia reclamar mas eu fui antes e pedi desculpa. Dei a flor pra ela e não falei mais nada.

Olhei em volta, a maioria dos clientes nem prestava atenção. Apenas eu, meu vizinho e o estudante. Ele, com a caneta largada sobre o papel, sorvia o café segurando o copo com as duas mãos enquanto ouvia a conversa.

– Mas então fizeram as pazes? – O homem ao meu lado, já estava procurando alguma coisa nos classificados quando levantou a cabeça e fez a pergunta.

- Doutor! Essa mulher é dura! Pegou a florrr rápido e pulou pra dentro do ônibus. Mas eu vou lhe contar uma coisa. Eu bem vi ela olhando a flor e sorrindo.

Olhei o relógio e vi que precisava ir. Levantei-me e despedi dos amigos. O dia estava frio e parecia que ia chover. No caminho para o escritório, quase fui derrubado quando aquele rapaz me cortou apressado entrando na loja de flores.

Seu Antônio ganhava a vida servindo xícaras de atenção, carinho e esperança. Mas sempre que podia ele também nos trazia um café, um suco, pães torradinhos ou não.

11 de Outubro de 2004

PS: Existem 2000 pessoas no mundo, o resto são coadjuvantes.
;)

Porvir


Começar, levantar, olhar, respirar, transcender, sonhar, correr e voar.

Súbito som me faz pular e virar.

- Olá! Entre!
- Estávamos te esperando.

Chego perto e sinto o cheiro do café saindo pela porta aberta. Escolho sentar ali, no meio do coração onde fico largado ouvindo o mistério e saboreando a vida, todas as vidas, o amor, todos os amores, minha forma de ser e todas as formas de sermos.

- O que é isto?
- Prove... Gostou?

O olhar do outro é sempre uma janela para mim. Assim também sou a janela para quem me olha. Quero ser sempre assim: janela ampla, silenciosa e aberta para o olhar. Ser holograma e refletir o todo no pouco que sou.

- Mamãe que é aquilo?
- Você amor!

As palavras são o tempêro. Nem muito, nem pouco, só a justa medida do gosto. Ali na mesa devem estar os quatro elementos e todos os convidados. Toda fome da vida passada e toda dor do futuro ficam de fora tomando conta da casa.

- Valha-me Deus! São elas ali na frente fazendo barulho?
- Virgem... é sim! Tão rosnando, cheirando e procurando que nem o cão do demo...

A noite cai e na hora da lua elas encontram e comem ali mesmo na frente das crianças.

Silêncio profundo na noite prateada.

O dia chega com as brumas da manhã que sobem aos céus e viram luz do sol.

- Aonde?
- Ali debaixo da árvore.

Deitamos de frente pro rio e do lado ainda tinha o morro bem verdinho e céu do azul mais lindo. Com teu carinho fecho os olhos pra acontecer de novo... criança cantando e brincando na rua, cheiro de pipoca doce e primeiro beijo.

Sorriso, abraço, beijo, carinho, saudades, alegria, amor, paz... fim.

Abril de 2005

Nota de leitura: A Mente e o Significado da Vida

Ontem começei a ler o livro do Pedro Paulo Monteiro:



Apesar dos poucos encontros que tive com o Pedro, ele é uma das pessoas que mais estimo e que espero reencontrar como amigo, terapeuta e mestre.

Ainda estou nas primeiras páginas mas reconheci logo seu estilo de compartilhar e ensinar sem deixar de nos emocionar e de chegar ao essencial.

Eu queria ler o livro a algum tempo mas estava absorto em alguns outros estudos. Sou leitor assim, vou lendo devagar mas sempre e dando meus sinais de vida.

:)

Abraços e beijos para todos! Uma semana plena de aprendizados, sentimentos e de força! Para que não percamos nossas virtudes e não nos desviemos da vida.

Nota de aprendizado: Sabores e Paladar

O sabor das coisas do mundo e o sabor das pessoas não está nas coisas ou nas pessoas mas no momento em que nossos sentidos encontram as coisas do mundo e as pessoas.

Fora dos encontros tudo não passa de um amontoado de idéias, memórias e sonhos.

Porém, existe o medo de que o encontro seja doce demais, salgado demais, ácido demais, amargo demais...



"As papilas gustativas são estruturas compostas por células sensoriais que são capazes de discernir entre quatro sabores primários, o amargo, o ácido, o salgado e o doce. Cada substância excita um tipo de célula sensorial, que é o que determina a sua percepção de sabor. Quando determinada substância não provoca reações sensitivas nos órgãos do paladar, diz-se que é insípida."

Fonte: Wikipédia - Artigo: Paladar

Última notícia...

Botafogo derrota Grêmio e assume liderança do Brasileiro



Nunca curti muito futebol. É verdade, sei os motivos e quando vejo meu filho contente com o Vascão dele fico feliz que não herdou a sina do pai. A garotada só me colocava no campo se não tivesse mais ningúem e alguns preferiam que ficasse faltando mesmo.

A gente vai crescendo e desiste. Então os amigos também crescem e insistem. Amigos mais maduros, nós mesmos mais maduros e começamos então a dar umas espiadas, arriscar umas entradas nos campos etc.

Algumas semanas atrás estava num hotel fazenda com meus filhos e pais. Lá pelas tantas meu filho foi assistir um jogo ali... Depois de um tempo fui atrás dele e vi o jogo mas não o vi. Preocupado fui até lá para perguntar se alguém o vira.

Vou chegando perto, chegando perto e vejo o cara correndo no meio do campo. Ao seu redor homens de 20 a 50 anos jogando uma peladinha gostosoa e meu garoto ali, do alto de seus 8 anos sem fazer feio. Definitivamente ele vai me ultrapassar!

E digo isto com os olhos cheios de lágrimas. Orgulho! Esperança! Feliz por ele!

Eu não conseguia jogar bola com os da minha idade. Ele é convidado pelos mais velhos. Tudo bem, tinham os coroas como eu, fumantes, gordinhos, pernetas... Mas ele não sabe disto ainda e só via o jogo de gente grande... nem por isto se intimidou.

Nunca gostei de futebol. Adotei o time da maioria para não me encherem o saco... Um dia comecei a escolher meus ídolos, meus mestres e "pais", descobri então que Vinicius de Moraes era Botafoguense. Tava resolvido, encontrei meu time.

O Fogão ganhou, perdeu, ficou mal e muito bem mas eu nunca mais quis ter outro time. Ainda não sigo todos os lances dos campeonatos mas vibro e curto ver meu time nas cabeças.

Tentei fazer meu filho ser Botafoguense mas com os dois avôs Vascaínos e a distância ele escolheu o Vascão. Tudo bem, eu o admiro mais ainda por isto. É claro que ele ficou sem graça de me contar, mas contou e eu lhe disse que era muito bom.

Levei muito tempo para aprender a gostar de futebol. Começei a gostar com um poeta e sigo aprendendo com meu filho. Isto, nem sei se tem a ver com futebol. Tem a ver com amor, com amizade, com infância, com alegria...

Fogão nas cabeças! Fico feliz aqui de longe.

Da série: Músicas Preferidas: Little Girl Blue



Little Girl Blue

Sit there, hmm, count your fingers.
What else, what else is there to do ?
Oh and I know how you feel,
I know you feel that you’re through.
Oh wah wah ah sit there, hmm, count,
Ah, count your little fingers,
My unhappy oh little girl, little girl blue, yeah.

Oh sit there, oh count those raindrops
Oh, feel ’em falling down, oh honey all around you.
Honey don’t you know it’s time,
I feel it’s time,
Somebody told you ‘cause you got to know
That all you ever gonna have to count on
Or gonna wanna lean on
It’s gonna feel just like those raindrops do
When they’re falling down, honey, all around you.
Oh, I know you’re unhappy.

Oh sit there, ah go on, go on
And count your fingers.
I don’t know what else, what else
Honey have you got to do.
And I know how you feel,
And I know you ain’t got no reason to go on
And I know you feel that you must be through.
Oh honey, go on and sit right back down,
I want you to count, oh count your fingers,
Ah my unhappy, my unlucky
And my little, oh, girl blue.
I know you’re unhappy,
Ooh ah, honey I know,
Baby I know just how you feel.