Ode
Vou te fazer uma Ode
Não por te amar ou te querer
(isto tem seus proveitos)
Mas por te preferir e te admirar
A Paixão não escolhe.
Se Entrega e pede apenas
Um objeto e uma loucura.
Já o Amor, este sim
O Amor escolhe e aceita,
cresce e amadurece com o tempo.
O Amor supera as dificuldades
Pois compreende e eleva
A ti, por ti, falarei
Dos momento de alegria
Quando te vejo e falo
Das coisas esquecidas que penso
Vou te cantar mil versos
Que completarão mil olhares
E toda a vontade de viver contigo
Que desaprendi. O lutar.
Te deixo de presente somente
A beleza de todos os vales
Acariciados nos seus pelos florais
Pela brisa vespertina
E, dado uma vez
Nunca me peças perdão
Ou rejeite a oferta
Que, de coração, te faço
Pois o destino, se completa aqui
Mas sua trama nasce além.
E o que se escreve não se esquece jamais
Mesmo que se queime ou se destrua tudo
Pois os versos já se elevaram
Muito além da vida dos homens
Como o destino existe também
Muito adiante dos nossos sonhos.
Nunca faça pois, sequer um gesto
De arrependimento ou renúncia
Se entregue não aos admiradores
Mas intensamente ao teu Amor.
Que não é ninguém ou nada
Além do que reside em ti
Se entregue a beleza dos momentos
Em que outros procuram horror.
Nada do que existe para nós
Tem limites neste mundo
Tudo alcança os céus
Tudo se guarda dos imundos
E se o tempo e a distância
Corroem belos sentimentos,
E se o desejo e a saudade
Apressam novos horizontes,
Somente o Amor e a vida
Restauram e mantém dignos
Os sentimentos dos seres
Que sabem viver bonito.
06/11/87