Companheiros

Como o pão, com a manteiga e o café, companheiros do dia.
Como o vinho ou uísque, companheiros da noite.
Estes nunca me pediram para deixar de ser eu mesmo.

Quando eu ligo, não me perguntam porque eu estava sumido.
Gostam de ouvir as coisas loucas que eu tenho para falar.
Sabem dar o alimento de que vivem os sonhadores.

Nunca me trataram com condescendência.
Se nos perdemos no silêncio, alguém sempre pergunta:
- Que porra é esta que está acontecendo?

E começamos longo papo que não tem hora para acabar.
Lá pelas tantas, eu me esqueço e como, bebo e pronto.
Entram, tornam a ser parte do que sou e a vida segue.

Nos encontramos de novo, de dia ou de noite.
Ficamos felizes e fazemos aonde for a nossa casa.
Conversas que nunca terminam: são interrompidas.

Encontrar alguém assim:
Meio pão com manteiga, meio café, vinho e uísque.

Sigo a busca, sem pressa:
Só tenho precisão.

Se não encontro, procuro mais:
Não importa onde, nem como e nem quando.

Setembro de 2005