Paixão

O que muitas vezes chamamos de paixão são gostos, desejos, vaidades, obsessões e espasmos do ego. Estas paixões podem ser prazerosas mas cegam, perturbam, tiram o sono... Queimam e se apagam: paixão não dura.

Acontece que para mim existe outra forma de paixão que dura... Uma paixão que se revela nas obras e nos atos feitos com cuidado, dedicação, entrega e até mesmo um certo martírio. Não suprime a inteligência e a reflexão mas destas exige o máximo: clareza, intensidade, exclusividade e compromisso.

Este estado do ser pede o máximo de tudo e de todos, transcende a mediocridade e justo por isto o que se faz com paixão incomoda muito mas resiste ao tempo e as dificuldades e se reflete com uma qualidade que qualquer um reconhece, todos almejam mas poucos realmente conquistam. Diria até que raros conquistam.

E são raros justo porque não existe esta conquista apaixonada sem sacrifício, sem perder o controle, sem abrir mão do poder, sem a entrega de quem compreende a precariedade da vida, sem aceitar a dor que toda transformação e criação verdadeira exigem das coisas e das pessoas envolvidas. Escolher a paixão é parte do exercício da liberdade humana. E até por isto é difícil.

Os grandes mestres falam disto mas nem sempre ouvimos e raramente compreendemos que isto não se restringe a genialidade. Cada ser escolhe ou não, buscar a vida com paixão.