Presentes de Casamento

Faz um pouco mais de 2 anos que encontrei meu amigo apaixonado e feliz. Ele me contou da mulher que reencontrou e que entrou em sua vida com plenitude e a transformou. Eu achei muito bonito tudo que ouvi porque também fez eco com tudo que eu vivia no momento e registrei em algumas linhas que estão abaixo:

Descarrilamento

Ele sempre foi uma pessoa organizada. Tinha seu trabalho, sua casa e seus objetivos pessoais e profissionais.

Quando a conheceu perdeu a linha. Saiu do trilho. Todas as suas convicções ruiram de uma hora para a outra.

Ela se meteu na sua casa, na sua vida pessoal e mesmo na vida profissional. Ele se transformava diante de todos.

Um dia, confessou um tanto assustado que mesmo diante de todas as mudanças que ela trazia para sua vida, ele a amava e estava feliz.


Setembro de 2005

Hoje eles se casam e deixo neste blog um presente para os noivos: alguns versos que gosto. Dois estilos diferentes, versos de poetisa e versos de poeta. Versos que tratam de plenitude, compromisso, escolha e entrega. Versos que me lembram como somos limitados, finitos e como temos estes anseios por transcendermos estas condições.

Para vocês, Gustavo e Patrícia com meus votos de felicidades do amigo querido:

Casamento

Há mulheres que dizem:
Meu marido, se quiser pescar, pesque,
mas que limpe os peixes.
Eu não. A qualquer hora da noite me levanto,
ajudo a escamar, abrir, retalhar e salgar.
É tão bom, só a gente sozinhos na cozinha,
de vez em quando os cotovelos se esbarram,
ele fala coisas como "este foi difícil"
"prateou no ar dando rabanadas"
e faz o gesto com a mão.

O silêncio de quando nos vimos a primeira vez
atravessa a cozinha como um rio profundo.
Por fim, os peixes na travessa,
vamos dormir.
Coisas prateadas espocam: somos noivo e noiva.

Adélia Prado

Soneto da fidelidade

De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa (me) dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.

Vinicius de Moraes

Até logo...