Ode



Vou te fazer uma Ode
Não por te amar ou te querer
(isto tem seus proveitos)
Mas por te preferir e te admirar

A Paixão não escolhe.
Se Entrega e pede apenas
Um objeto e uma loucura.
Já o Amor, este sim

O Amor escolhe e aceita,
cresce e amadurece com o tempo.
O Amor supera as dificuldades
Pois compreende e eleva

A ti, por ti, falarei
Dos momento de alegria
Quando te vejo e falo
Das coisas esquecidas que penso

Vou te cantar mil versos
Que completarão mil olhares
E toda a vontade de viver contigo
Que desaprendi. O lutar.

Te deixo de presente somente
A beleza de todos os vales
Acariciados nos seus pelos florais
Pela brisa vespertina

E, dado uma vez
Nunca me peças perdão
Ou rejeite a oferta
Que, de coração, te faço

Pois o destino, se completa aqui
Mas sua trama nasce além.
E o que se escreve não se esquece jamais
Mesmo que se queime ou se destrua tudo

Pois os versos já se elevaram
Muito além da vida dos homens
Como o destino existe também
Muito adiante dos nossos sonhos.

Nunca faça pois, sequer um gesto
De arrependimento ou renúncia
Se entregue não aos admiradores
Mas intensamente ao teu Amor.

Que não é ninguém ou nada
Além do que reside em ti
Se entregue a beleza dos momentos
Em que outros procuram horror.

Nada do que existe para nós
Tem limites neste mundo
Tudo alcança os céus
Tudo se guarda dos imundos

E se o tempo e a distância
Corroem belos sentimentos,
E se o desejo e a saudade
Apressam novos horizontes,

Somente o Amor e a vida
Restauram e mantém dignos
Os sentimentos dos seres
Que sabem viver bonito.

06/11/87

¿Quien muere?




Muere lentamente quien se transforma
en esclavo del hábito,
repitiendo todos los días el mismo trayecto,
quien no cambia de marca,
no se arriesga a vestir un color nuevo
y no le habla a quien no conoce.

Muere lentamente quien hace
de la televisión su gurú.

Muere lentamente quien evita una pasión,
quien prefiere el negro sobre el blanco
y los puntos sobre las "ies"
a un remolino de emociones,
justamente las que rescatan el brillo de los ojos,
las sonrisas de los bostezos,
los corazones de los tropiezos y sentimientos malos.

Muere lentamente quien no voltea la mesa
cuando está infeliz en el trabajo,
quien no arriesga lo cierto por lo incierto
para ir detrás de un sueño,
quien no se permite por lo menos una vez
en la vida, huir de los consejos sensatos.

Muere lentamente quien no viaja,
quien no lee, quien no oye música,
quien no encuentra gracia en si mismo.

Muere lentamente quien destruye su amor propio,
quien no se deja ayudar.

Muere lentamente quien pasa los días quejándose
de su mala suerte o de la lluvia incesante.

Muere lentamente, quien abandona un proyecto
antes de iniciarlo,
no preguntando de un asunto que desconoce
o no respondiendo cuando le indagan
de algo que sabe.

Evitemos la muerte en suaves cuotas,
recordando siempre que estar vivo exige
un esfuerzo mucho mayor
que el simple hecho de respirar.

Solamente la ardiente paciencia
hará que conquistemos una espléndida felicidad.

Pablo Neruda

Demais

Ando romântico demais, acreditando demais, me dando demais e sonhando demais. Cansei da pasmaceira, do descuido e do desrespeito.

Cansei de ser só esperando... O que não vem porque espero demais.

Vou ser mais romântico, acreditar mais, me dar mais e sonhar mais. Deixo o desrespeito, o descuido, os medos e a pasmaceira ali... Pousado num canto da calçada.

Hoje, farei silêncio na sala escura com um trago amargo, o último cigarro e uma melodia de Chopin. Assim vou dormir e deixar tudo que é demais.

Dormir, acordar e viver mais.

Único

Tocaram seus lábios,
Tocaram-se os corpos.

Pela primeira vez
Em muitos anos.

Suavemente,
Tremendo.

Um beijo tremido
Calado
Sofrido
Mas ainda sem dor

Um beijo tremido
Alado
Querido
Repleto de amor

Um beijo tremido
Esperado
Tolido
Com todo pudor

- Beijo tremido é que é beijo!

O resto? São apenas desejos...

22/05/1985
Fernando

Uma ótima semana!

É não pode Ser.

Ser simplesmente.
Nada sobrando.
Nenhum sonho impossível.

Todo possível está posto.

Crer.
Não em possibilidades!

Mas na realidade...

- O que pode ser, não é.

Junho de 1985

Reencontro

Hoje tive uma experiência que me fez recordar muitas coisas. Vou escrever tudo buscando dar um sentido talvez.

Sou católico, ou era... Não sei mais. Fiz esta opção já adulto. Até minha conversão simpatizava com várias crenças e muitas vezes me considerei ateu. Vivia a vida sem sentido. Esta conversão se deu aos poucos nas missas dominicais em que eu ia acompanhando minha namorada que se tornou depois minha esposa.



Esta conversão se deu por uma nova visão de Jesus e da palavra de Deus com que tomei contato ao longo de vários anos através dos padres da congregação dos Sagrados Corações. Em especial através das homilias do saudoso padre João. Para mim ficou dele a imagem destes poucos que por todo o ser transbordam vida, amor, a simplicidade de quem vive no transcendente e nos mistérios.

Cativado, desencavei uma velha catequese, reli mas as palavras agora tinham a luz do Padre João. Me entreguei, fiz a preparação na catequese para adultos, recebi o Sacramento Eucarístico e depois o Sacramento do Matrimônio. Foi um casamento muito bonito na comunidade celebrado pelo também querido Padre Lorenzo, como eu acho que deveriam ser todos os casamentos. Na época eu tinha quase 30 anos.

Eu já estava engajado na pastoral da juventude e passei a participar das liturgias, encontros e atividades da paróquia. Conheci então os caminhos da espiritualidade e me abri para uma outra experiência de fé, para a experiência das orações, meditações e contemplações e se deu aos poucos uma mudança em meu ser. Ao mesmo tempo procurava conhecer melhor as escrituras, as liturgias, o catecismo e a vida dos santos.

Logo me dei conta de que a Igreja não era e nunca foi tão una e quanto mais eu me aproximava de Jesus mais estranhas e incoerentes me pareciam algumas práticas de alguns fieis e sacerdotes assim como algumas doutrinas e orientações.

Procurei nas confissões com o também querido Padre Vicente e percebi minha arrogância e orgulho. Rezei e orei, busquei ajuda para minhas inquietações nas confissões e nos aconselhamentos espirituais. Procurei deixar de lado as idéias de justiça social e compreender o mistério da Igreja humana e divina mas que era sobretudo parte do Corpo Místico. Descobri que a fé não existe sem a dúvida como uma escolha livre.


Não foi fácil porque minha experiência na comunidade era outra. Via egoísmo, disputas de poder e controle, falta de fé, falta de amor e de comunhão, falta de compromisso, tolerância com os pobres de espírito e intolerãncia com os pobres de recursos, com os doentes e com os fracos.

Ah! Haviam tantas perturbações... E as respostas eram vagas e as minhas perguntas tão incovenientes! Algumas vezes descobri que aqueles a quem eu perguntava se deparavam com as mesmas questões. Isto pelo menos me deu ânimo. O pior eram os cegos e mediocres!

Não perdi a fé nos sacramentos, não perdi a fé nas escrituras, não perdi a fé na Santíssima Trindade e nem perdi a fé nas dezenas de pessoas que conheci que lutavam diariamente renovando sua fé apesar do humano e do pecador desta Igreja que os acolhia e muitas vezes os oprimia.

Mesmo assim segui e me deparei com minhas perturbações. Nada do que está no mundo nos é estranho. Assim não foi comigo. E comecei então a questionar minha fé e meu compromisso com a Verdade, com o seguimento do Mestre.

Acho que neste ponto foi quando me senti fraco e longe do Cristo. Quanto mais eu orava e via Ele mais eu percebia como estava longe e como havia uma grande escuridão na minha alma. Busquei ajuda mas sem grande esforço.

A família, o trabalho e tudo ao meu redor me pressionavam em outra direção oposta ao seguimento da Palavra. Senti medo e me vi só. Então me afastei aos poucos, sei que perdi o alimento e fui enredado no círculo vicioso dos pecados até me perder completamente.

Deixei meus valores de lado pelos valores do mundo. Me seduzi pelas ilusões do mundo, pelo poder, pelas falsas seguranças, pelo pensamento cartesiano e pelos valores racionais e objetivos. Me separei do que não se vê com os olhos, dopei meus sentidos, mergulhei em erros e ilusões, magoei pessoas queridas e fui me perdendo.



Depois de alguns anos, estava divorciado, perdido, confuso e inquieto. Retomei então aos poucos minha busca. A única luz e sentido na minha vida eram meus filhos. Além deles nada mais tinha sentido e nada me alimentava.

Tudo ao meu redor contribuia para manter minha inércia mas apesar de tudo pude reencontrar meu caminho. Os erros e os pecados ainda estavam presentes mas eu fui pouco a pouco buscando sair daquela escuridão.

Retomei minha jornada interrompida com as incertezas e dificuldades que lhe são próprias sem ver luz pela frente ou atrás mas guiado pelos meus valores e por uma fé inabalável de que aquele era o meu caminho, de que eu precisva fazer isto pelo menos pelos meus filhos e de que talvez eu pudesse ter ao final, o Perdão e a Misericórdia.

Foram valiosas as minhas experiências de fé anteriores muito mais do que todo o conhecimento obtido até então. Os livros na estante pois eu sabia que na escuridão não me serviam de nada. Também foram valiosas algumas pessoas que se aproximaram.

Uma vez eu falei em uma palestra para os jovens sobre Deus e de como Seus planos estão muito além de nosso parco entendimento. Ah! Tantas vezes depois me recordei desta palestra! Eu achava que sabia alguma coisa...

Ainda na escuridão, só e lutando contra minhas fraquezas e as ilusões, vejo hoje que nunca fui abandonado. Sei hoje que esta como tantas outras são experiências que não se transmitem com palavras nem chegam por nossa vontade mas por uma entrega e um esforço o que é paradoxal.

Chamo de Deus, outros falam do universo, do Tao e tantos outros nomes mas vejo hoje que existe algo além do que vemos e percebemos com os sentidos limitados e embotados que temos hoje. Este que é meu Deus me abre novos caminhos todo dia e me estimula mesmo que eu me perca. Ele me desviou de tantos perigos de que só tenho conta hoje e provavelmente muitos outros de que nem tenho conta hoje.

Finalmente começo a ver um pouco de luz. Sinto novamente o Calor e o Amor agindo em minha vida.



Chego ao inicio do relato desta experiência de hoje quando tive vontade de me confessar a um bom padre, de assistir a uma missa e de comungar novamente. Não por qualquer dos meus pecados que não são poucos mas por um desejo de comungar no Corpo e no Sangue. Porém me dei conta de que estou impedido justamente por minha fé, pelos meus princípios e pelo que sou.

Na ilusão do raciocinio penso em contornar e resolver. Porém logo sou chamado para a verdade e percebo que não poderia negar minha escolha pelo matrimônio alegando inconsciência ou qualquer outro motivo. Tão pouco poderia continuar casado sendo quem sou sem dar um testemunho de uma vida mediocre e distante da vida Plena que desejo e creio ser possível.

Então, chorei como um menino... Um triste lamento que me veio do fundo da alma. Passado o choro senti um grande abraço e parece que vi todo o sorriso de um Irmão que é meu Mestre e meu Deus. Era um sorriso tão bonito que me fez sorrir...



Percebi novamente que está tudo certo.

A Isca e o Anzol

Uma amiga está passando por um momento difiícil na vida dela saindo de um relacionamento bastante conturbado. Ela rompeu com o rapaz e tem tido sucesso em superar a separação e começar a tocar a vida dela. Veja, ela gosta dele mas realmente se deu conta de que ele não a fazia feliz.

Bem, acontece que o sujeito some por dias mas de tempos em tempos reaparece com um telefonema, um email, um contato rápido no messenger, torpedo etc. Nestes contatos ele sempre tem um motivo, ou no pior dos casos diz apenas que foi para dar um oi e saber se ela estava bem...

Ela me disse alguns dias atrás que já está conseguindo superar a separação e que não se incomoda mais com os contatos. Uma vez ele ligou para perguntar sobre umas roupas dela, outra para saber de um livro, outra para desejar boa páscoa, outra para dar um olá e saber se ela estava bem.

No final de semana eu pude entender melhor o que passa. Na quinta ela me disse que estava "super" bem e eu senti mesmo que havia um novo gosto pela vida. No sábado o sujeito mandou um "Oi". Sim! Literalmente 1um único Oi no MSN. Ela respondeu com outro Oi. E ele não disse mais nada. Ela se despediu e saiu.

Passam alguns dias e agora ela está com vontade de ligar para ele porque se lembrou que precisa pegar com ele uma coisa que lhe pertençe. Eu tentei fazer ela ver que é justamente isto que ele quer e que não tem nada a ver com gostar ou amar.

Quem não se aguenta mais de saudades não faz isto! Quem não se aguenta mais de saudades bate na porta, se ajoelha, liga e pede para voltar, escreve todo dia... Se joga, se rasga e... chora! Não adianta nada mas isto é outra estória...



O que ele está fazendo não tem a ver com amor, nem com respeito, nem com liberdade, nem mesmo com desejo e paixão! Ele lança iscas, espera e observa. Ela é o peixe que será saboreada no jantar e o mais gostoso será ele saber que ela poderia escolher mil lugares e mil caras mas que ela escolheu a isca e o anzol.

A ver como isto acaba... Estou torcendo pela minha amiga peixinha!