Limites e escolhas




Hoje acordei tarde para a minha caminhada. Mais tarde me arrependi por não ter dormido cedo. Inevitável: fico me perguntando porque eu não consigo cumprir minhas proposições.

Alguns dias atrás minha mestra me falou de como nos iludimos acreditando que temos controle sobre nossa vida. Eu estranhei isto porque não acho que tenhamos controle sobre tudo que nos acontece mas sempre acreditei que podemos controlar a maioria de nossas atividades.

Acho que começo a compreender o que foi dito. Realmente não temos este controle. Nosso ser não responde passivamente ao que comandamos. E se não o faz passivamente, então o controle é uma ilusão. Isto parece óbvio mas não é.

Talvez possamos ter a liberdade de escolher se estivermos atentos aos nossos limites e ao nosso ser. Ontem, eu não me deitei cedo porque dei pouco valor a minha necessidade de descanso que é um limite de meu corpo.

Envolvido e entusiasmado com o que fazia ontem a noite, desperto e desatento ao meu corpo dormi tarde. Porém em vários momentos eu já havia percebido a necessidade do descanso e do exercício e também já me propusera estes cuidados.

Não tenho controle sobre meu ser inteiro mas posso aceitar os limites e as necessidades. Assim é possível buscar o aprendizado das escolhas em parceria com todo o meu ser. Não parece haver outro caminho possível para exercer minha liberdade.

Lembro agora também um outro ponto de que ela me falou alguns meses atrás: as escolhas mais fáceis são as mais caras. Eu mesmo ainda me pergunto muitas vezes porque o mais fácil é mais custoso. Percebo que ainda não adquiri esta sabedoria embora eu a reconheça.

Ainda me parece que posso ter ganhos fáceis e sem custo.

Porém percebo agora ainda com a razão que o fácil que não nos custa nada é um presente. Uma gratuidade do universo ou de outras pessoas. Porém se nos cabe uma escolha parece ser verdade que o caminho mais fácil tem o custo mais alto para nosso ser.

Assim ontem, em uma perspectiva temporal inadequada escolhi o imediato presente em detrimento do que estava mais afastado. Percebo como o imediato presente foi mais fácil e o mais fácil me custou mais.

Quantas vezes vou precisar passar por isto até aprender? Porque é tão difícil?

Novamente vejo como a sociedade ao meu redor dá pouco valor e confunde todo este assunto. A ideologia nos faz crer que podemos fazer o que nos propusermos e que tudo se trata de uma questão de força de vontade, disciplina e método.

Tampouco se discrimina o que é dádiva do que é conquista e escolha. Porque a escolha nos coloca frente ao nossos limites. Somos ensinados de que não existem limites.

Preciso estar atento a isto.