Domingo passado o jornal O Globo publicou uma pesquisa da agência Nova S/B em parceria com o IBOPE com o título "Pesquisa sobre Valores e Atitudes da População Brasileira". O título da reportagem é "A culpa é dos outros" e basicamente mostra as discrepâncias entre a opinião que o brasileiro tem dos outros e de si. As diferenças são grandes e não deveriam nos surpreender. Segue o depoimento publicado no jornal de um dos sócios da agência que realizou a pesquisa trechos da reportagem, Roberto Viera da Costa:
"O brasileiro defente o meio ambiente, mas se comprar um terreno para construir uma casa e uma árvore atrapalhar o projeto de moradia, ele não tem a menor dúvida e derruba a árvore. O brasileiro diz que não é racista, mas não deixaria a filha casar com um negro. Até aceita o homosexualismo, desde que seu filho não seja homosexual. É a chamada taxa de incrongruência - explica ele."
Alguém pode até este comportamento natural: ver nos outros os defeitos e faltas que não vemos em nós mesmos. Não podemos esquecer também da subjetividade das pessoas que determina a interpretaçào sobre o que faz e o que os outros fazem. Alguém pode dizer que por isto mesmo temos leis e códigos de boa conduta que foram criados para proteger as pessoas, o meio-ambiente, os idosos, as minorias e regular a convivência de todos.
O fato é que nada disto adianta se não desenvolvemos um olhar crítico que possa se voltar também para nós mesmos. Não adianta muito se não desenvolvermos a capacidade de perdoar sem compactuar com os erros. Não mudamos nada se não procuramos sair da inércia e começamos a buscar mudanças em nós mesmos. Não adianta nada se nos ferramos no orgulho e nos mecanismos que escondem nossas inseguranças e magoas.
O mundo, as pessoas e os relacionamentos só podem mudar se começarmos a mudança em nós mesmos. Só posso mudar se estou insatisfeito. Só fico insatisfeito se lanço este olhar crítico. Se tudo está bom para mim, se tudo é assim mesmo, então tudo continuará assim mesmo.
"Se continuamos a fazer o que sempre fizemos, continuaremos obtendo o que sempre obtivemos."