Parceiros Invisíveis - Anima e Animus


Dica de um livro
muito interessante:

Os Parceiros Invisíveis

(o masculino e o feminino dentro de cada um de nós)
John Sanford - Editora Paulus

Segue a nota da contra-capa:

Este livro aborda as dimensões masculina e feminina da alma - chamadas por C.G.Jung de anima/animus. Também demonstra de que modo a parte feminina de um homem e a parte masculina de uma mulher constituem os parceiros invisíveis em qualquer relacionamento homem-mulher. O autor orienta-se no sentido de compreender as projeções e de lidar com elas; projeções que podem prejudicar e até impedir um relacionamento real entre um homem e uma mulher. Este é um livro escrito para pessoas de todo o mundo que queiram entender melhor a si mesmas e seus relacionamentos.

O livro apresenta os conceitos de anima e animus e como agem em cada um de nós. É para as pessoas que desejam o auto-conhecimento e que buscam relacionamentos maduros e ricos nas suas vidas.

Quando uma mulher se apaixona por um homem, ela se apaixona pela projeção de seu animus nele. Do mesmo modo, ele se apaixona pela projeção de seu anima nela.

Com o passar do tempo a projeção não bate com a pessoa e o casal pode então o relacionamento de um modo mais realista e descobrir se realmente desejam um ao outro.

Estes parceiros invisíveis agem independente de nossa vontade e mesmo nas relações já mais estáveis. Se os conhecemos pouco haverão mais chances de que eles se manifestam nas suas formas negativas perturbando nossos relacionamentos.

O animus insatisfeito de uma mulher ataca o homem na sua auto-estima, seu valor e suas iniciativas. A anima insatisfeita de um homem pode afastar sua parceira com manifestações alterações de humor e da sensibilidade, tristeza etc.

Além disto, anima e animus interagem entre si... Porém ambos também podem se manifestar em suas formas positivas e enriquecer nossa vida e não apenas nossos relacionamentos.

Um conhecimento que faz bem e uma leitura tranquila e até divertida porque é inevitável reconhecermos nas descrições as manifestações de anima e animus nas pessoas que conhecemos e principalmente em nós.

Mas cuidado... Bom não esquecer que mesmo sendo evidente suas manifestações e influências em nós e nos outros, são como todas as condições em que nascemos, vivemos e que nos submetem: influênciam mas não determinam nossas escolhas.

Antes, somos marcados pela liberdade ainda que seja de escolher conhecer (ou não) o que nos influencia, limita e o que parece existir dentro de nós fora de controle.

Procurando por uma ilustração encontrei também uma imagem bonita que descobri na internet do artista A. Andrew Gonzalez. A obra se chama "The Love of Souls" (O Amor das Almas).



Bonita não é? Vale a pena aproveitar e conhecer suas outras obras no site oficial do artista:

The Transfigurative and Esoteric Art of A. Andrew Gonzalez

Abraços!!!!




Amor do Amor

Sem muito tempo aqui gostaria de indicar a leitura do blog do Fabrício Carpinejar, em especial o post da terça-feira passada (dia 19):

Click aqui para visitar o Fabrício e ler o post: Amor do amor

Não percam!

Abraços e beijos!

Verdade

Carlos Drummond de Andrade

A porta da verdade estava aberta,
mas só deixava passar
meia pessoa de cada vez.

Assim não era possível atingir toda a verdade,
porque a meia pessoa que entrava
só trazia o perfil de meia verdade.
E sua segunda metade
voltava igualmente com meio perfil.
E os meios perfis não coincidiam.

Arrebentaram a porta. Derrubaram a porta.
Chegaram ao lugar luminoso
onde a verdade esplendia seus fogos.
Era dividida em metades
diferentes uma da outra.

Chegou-se a discutir qual a metade mais bela.
Nenhuma das duas era totalmente bela.
E carecia optar. Cada um optou conforme
seu capricho, sua ilusão, sua miopia.


Aviso aos navegantes

Nem toda luz na escuridão é sinal de porto seguro. Pode ser apenas um aviso, um chamado para despertar. Não ignore os sinais mas não confunda os sinais com o destino.


Farol Penedo da Saudade
São Pedro de Moel - Portugal

Anti-Poema

Revisitando os poemas de 20 anos atrás...

Anti-Poema

Como o ser tolo
que se entrega ao mundo
a minha desculpa
esta menos no que imagino
que nas interpretações que me dão

O que sou para ti, leitor?
Esta pergunta certamente não te aflige,
visto que já te pareço uma idéia
simples ou complexa
fácil ou difícil.

Tão pouco o toca minha aflição...

Dedique, no entanto, um minuto de tua vida
para a questão que te aponto:

Se te sou idéias,
não te sou eu mesmo,
visto que também sou para mim,
um amontoado de idéias.

Pensamentos e idéias,
sou para todos nós,
que pensamos todos sós.

Onde estarei?
No que penso ou pensas,
ou noutra coisa qualquer?

Nunca saberás quem sou.
Mesmo eu, saberei?

Já que só existo para ti,
em acordo com tuas idéias,
jamais conhecerás o que sou
pelos meus pensamentos.

A resposta caro leitor,
tu já a sabes mas não percebe:
Se refletir e imaginar,
(E só você pode fazer isto)
Obterá as respostas
que te agradarão.

Se tudo isto te parece
metafísica demais,
considere apenas isto:

tudo que queres saber,
já o sabes.

Tudo que aprendemos
o fazemos pensando
no que nunca pensamos.

29.10.1986

10 Minutos com Hermann Hesse

Tudo depende apenas da coragem. Ainda o mais bravo dentre nós não raro a perde, e então se inclina a procurar programas, segurança, garantias. A coragem necessita da razão; não é, porém, sua filha. Na realidade, ela nasce das camadas mais profundas de nosso ser.

***

Silenciar sobre determinado assunto que todos aplaudem calorosamente; sorrir sem maldade de pessoas e instituições; combater a falta de amor no mundo, dedicando mais atenção aos humildes e pequenos; tendo mais confiança no trabalho, mais paciência; renunciando a revidar com ódio a mínima zombaria ou crítica - eis outros tantos caminhos que podemos trilhar.

***

Quem "não se acomoda a este mundo" está sempre perto de encontrar-se a si mesmo. Quem se ajusta e se adapta, jamais se encontra. Pode, todavia, tornar-se um senador.

***

Alguém amou e, amando, encontrou-se a si mesmo. Quantos não há, porém, que amam para se perderem!

***

"O amor não deve pedir nem tampouco exigir. Há de ter a força de chegar em si mesmo à certeza e então passa a mover em vez de ser arrastado. "

***

Minha obrigação não é dar aos outros o que seja ojetivamente o melhor: é dar-lhes do meu e da maneira mais pura e sincera possível.




Máximas retiradas de uma edição antiga do livro:
"Para Ler e Pensar"
Pensamentos extraídos dos livros e cartas de Hermann Hesse.

A Cor do Paraíso

Gostaria de indicar um filme que assisti no final de semana:







Título em Português : A Cor do Paraíso
Diretor : Majid Majidi
Título em Inglês : The Color of Paradise
Título Original : Rang-E Khoda
País de produção : Irã
Fotografia : Mohammad Davoodi
Ano de produção : 1999



O filme é uma produção Iraniana do diretor Majid Majidi que conta a estória de um menino cego chamado Mohammad que vive em uma escola para deficientes visuais em Teerã e retorna com o pai para o convívio da família nas férias. Lá reencontra as irmãs e a avó e os planos de seu pai.


Mohammad é simplesmente excepcional: iluminado. O menino é dessa gente que transforma as pessoas ao seu redor.Porém, se nem todos somos como ele, temos muito que aprender com a estória. E ouso mais. Se nos despirmos de nossas idéias e entrarmos no filme abertos para a ver e aprender, podemos sim, aprender muito com a experiência pai do menino e com os outros personagens.

Seu pai um homem comum que se debate com a vida planejando e se organizando tudo para buscar a felicidade do modo que acha melhor é incapaz de perceber isto. Tantas vezes eu mesmo me vi assim, olhar fixo em meus objetivos deixando a vida escorrer pelos dedos. Tantas pessoas eu vejo assim...

Belíssimo e emocionante o filme tem uma fotografia maravilhosa e somos envolvidos a cada cena pela pela simplicidade e generosidade dos gestos dos personagens. Para aqueles que gostam de filmes que nos fazem sentir a vida, desejar a vida e desejarmos ser apenas: gente melhor.


Uma das falas do menino:

"Nosso professor diz que Deus ama os cegos porque nós não podemos ver. Mas eu disse para ele que se isto fosse verdade, Ele não nos faria cegos para que não pudessemos ver Ele. Ele então me disse: "Deus não é visível. Ele está em todo lugar. Você pode sentir ele. Você pode vê-lo através de seus dedos." Agora eu procuro Ele em todo lugar até o dia que minhas mãos possam tocar Ele e então eu vou contar todos os segredos de meu coração."




Invictus

Há dias recebi de um querido amigo que hoje vive em terras distantes o seguinte poema que publico agora:

Invictus
William E Henley

Out of the night that covers me,
Black as the Pit from pole to pole,
I thank whatever gods may be
For my unconquerable soul.

In the fell clutch of Circumstance
I have not winced nor cried aloud.
Under the bludgeonings of Chance
My head is bloody, but unbowed.

Beyond this place of wrath and tears
Looms but the Horror of the shade,
And yet the menace of the years
Finds, and shall find me, unafraid.

It matters not how strait the gate,
How charged with punishments the scroll,
I am the master of my fate:
I am the captain of my soul.

Uma boa tradução de André C. S. Masini pode ser encontrada aqui.

Sun - Chien



Vento que penetra por entre os galhos secos que se curvam dispersando dali o mal depositado. Se aprofunda a compreensão e a consciência que desperta o bem recolhido. Porém já não existe mais força para combater as influências nocivas com decisão. Ë preciso a ajuda dos sacerdotes e magos que permitirão a intimidade com o mundo visível e o invisível. Somente assim se pode restaurar a ordem.



Na montanha as dificuldades e obstruções não podem ser superadas diretamente. O homem inferior culpa o mundo e o destino. O homem superior se volta para si e cultiva seu caráter. Deve então buscar os que compartilham o mesmo modo de pensar e se põe sob a direção de um homem à altura da situação. Assim o impedimento externo se revela um oportunidade para o enriquecimento e aprendizagem.

Intimidades

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Li agora um trecho do livro "Uma Aprendizagem ou O Livro dos Prazeres". Este trecho é o momento em que Lori e Ulisses conversam na piscina:

- Por que é que você olha tão demoradamente cada pessoa?

Ela corou:

- Não sabia que você estava me observando. Não é por nada que olho: é que eu gosto de ver as pessoas sendo.

Então estranhou-se a si própria e isso parecia levá-la a uma vertigem. É que ela própria, por estranhar-se, estava sendo. Mesmo arriscando que Ulisses não percebesse, disse-lhe bem baixo:

- Estou sendo...
- Como? perguntou ele àquele sussurro de voz de Lóri.
- Nada, não importa.
- Importa sim. Quer fazer o favor de repetir?

Ela se tornou mais humilde, porque já perdera o estranho e encantado momento em que estivera sendo:

- Eu disse para você - Ulisses, estou sendo.

Ele examinou-a e por um momento estranhou-a, aquele rosto familiar de mulher. Ele se estranhou, e entendeu Lóri: ele estava sendo.


Ficaram calados como se os dois pela primeira vez se tivessem encontrado. Estavam sendo.

- Eu também, disse baixo Ulisses.

Ambos sabiam que esse era um grande passo dado na aprendizagem. E não havia perigo de gastar este sentimento com medo de perdê-lo, porque ser era infinito, de um infinito de ondas do mar.


Me lembro da distinção entre a familiaridade e a intimidade. Aprendi isto no ano passado e anotei para publicar no blog mas não me lembro agora se o fiz...

Eram reflexões sobre as diferenças entre as duas palavras que incluíam algumas divagações etimológicas (ambas do latim: familìa,ae e intìmus). Acho que não publiquei...

Enfim, resumindo... Familiaridade tem relação com convivência e intimidade tem relação com afeição, profundidade, essência, cumplicidade e tudo que está protegido dos descuidados...

Provavelmente teremos grande familiaridade com uma pessoa que vemos todos os dias mas nem sempre privaremos de sua intimidade. Por outro lado, ouso dizer que privo da intimidade de várias pessoas com quem não tenho e não tive a menor familiaridade.

E esta intimidade é uma das maiores graças da vida porque nos faz compreender que as pessoas e todo o mundo ao nosso redor não são ilusões.

Existem sim os que experimentam, sentem, aprendem, vivem e são! E também estão submetidos à mesma condição humana que nos põe todos no mundo, a princípio, essencialmente sós.

Escrevo somente para vocês que sabem por experiência do que estou falando... Vós sois o sentido e a razão deste espaço e parte das minhas alegrias.

Obrigado!